COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
DESAFIOS DA DEMOCRACIA BRASILEIRA.Nobres:
Há um intenso mal-estar nas diferentes democracias pelo mundo. Isso
advém de um profundo descompasso, sendo eufemístico, na relação entre
representados e representantes, gerando assim uma grave crise de
representatividade. Perceber essa questão como algo individual a cada país é
ter a atenção desviada do essencial o que está em crise pelo globo é a própria
democracia, pelo menos como a praticamos atualmente. Superar esse mal-estar é
perfeitamente possível. Para ir nessa direção, por mais inusitado que possa
soar, é preciso aprender com o teatro. A democracia é uma idéia no mínimo
radical, e ainda bem que ela assim é. Pensar que cada indivíduo tem o direito
de opinar sobre os seus destinos políticos, independentemente de sua religião,
cor, gênero, posses, posição social e assim por diante é um grande alento
considerando a gestão da política em termos históricos. Porém, ao longo do
tempo, a democracia parlamentar, que é como em geral a democracia é exercida
pelo mundo, foi deixando alargar a distância entre representantes e
representados. Contudo, é preciso que os cidadãos deixem de ser tratados como
meros espectadores do processo democrático e que a interação vá para além do
vaiar e aplaudir. O caminho é democratizar a democracia abrindo-se mais espaços
para que os cidadãos, enquanto indivíduos, possam diretamente decidir questões
ligadas às suas vidas. No passado, a dificuldade para ter várias pessoas em um
único local debatendo era enorme. Contudo, hoje há tecnologia disponível para
que milhões reúnam-se, discutam e votem sobre temas dos seus interesses. É
preciso caminhar para uma democracia de maior intensidade. Mais abertura à
participação cidadã certamente resultaria em uma alocação e execução de
recursos mais condizente com as necessidades e anseios da população. Aqui no
Brasil o exercício da democracia, um misto de governo presidencialista
parlamentarista é sumular diante de outros países no exercício do parlamento em
que o Executivo depende das ações exclusivas do Congresso Nacional, entretanto,
o Chefe de Estado e de Governo é de plena atribuição do Presidente da
República, onde vive em constante crise de instabilidade junto aos mais escusos
interesses de parlamentarismo. Aí que teremos encontrar uma saída e instar o
contrário de outros regimes políticos, crises na democracia superam-se somente
com mais democracia ao oposto do que muitos asseguram.
Antônio Scarcela Jorge.
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