CONSUMIDORES PAGARÃO R$ 1,1 BILHÃO A MAIS NAS CONTAS DE LUZ APÓS DECISÃO DO GOVERNO.
Ministério de Minas e Energia determinou que Aneel incluísse no orçamento de um fundo do setor elétrico despesas de uma dívida da Eletrobrás com fornecedoras de combustível para termelétricas.
Uma decisão do Ministério de Minas e Energia vai obrigar o consumidor
brasileiro a pagar em 2017 uma nova conta extra, de R$ 1,1 bilhão, nas contas
de luz. A previsão foi dada pela Eletrobrás ao próprio ministério.
A decisão foi publicada na sexta-feira (3) em uma portaria do
ministério. Ela determina que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
inclua no orçamento de 2017 da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) a
previsão de gastos com as prestações dos chamados Contratos de Confissão de
Dívidas da Eletrobrás.
Esses contratos se referem às dívidas que a Eletrobrás tem com
fornecedoras de combustível usado em usinas termelétricas que geram energia
para regiões do Norte do país aonde ainda não chegou a rede nacional de
transmissão de energia.
A principal fornecedora é a Petrobras.
Parte dos recursos para a compra desse combustível vem da CDE, que é um
fundo do setor elétrico.
O dinheiro que abastece o fundo, por sua vez, vem da cobrança de um
encargo nas contas de luz, ou seja, vem dos consumidores.
Fiscalização.
Quando aprovou o orçamento da CDE de 2017, em fevereiro, a Aneel deixou
de fora a previsão de gastos com essa dívida da Eletrobrás.
Isso porque a agência decidiu abrir uma investigação para saber se houve
pagamento indevido feito com os recursos destinados à compra de combustível
para termelétricas do Norte do país.
Segundo o MME, a retirada dessa previsão da CDE "poderia trazer
danos irreparáveis aos consumidores dos Sistemas Isolados, com riscos de
interrupção no fornecimento de energia elétrica."
O ministério informou ainda que, se a fiscalização da Aneel verificar
que houve pagamento indevido, os valores pagos a mais agora vão virar crédito
aos consumidores, que serão ressarcidos no futuro.
O orçamento da CDE para 2017, aprovado pela Aneel, é de R$ 11,904
bilhões (sem contar o R$ 1,1 bilhão das dívidas da Eletrobrás). Esses recursos
vêm inteiramente de encargo cobrando nas contas de luz, pago pelos
consumidores.
Além de compra de combustível para térmicas, o dinheiro financia outras
ações, como o programa Luz para Todos e o subsídio às tarifas de famílias de
baixa renda.
Como o orçamento da CDE deste ano foi menor que o de 2016, as contas de
luz teriam um barateamento médio de 2,03%. Essa queda, no entanto, deve ser
menor agora, devido à determinação do Ministério de Minas e Energia.
O presidente da Abrace, associação que representa os grandes
consumidores de energia, Edvaldo Santana, afirmou ao G1 que a portaria do MME
atropela a competência da agência, que decidiu não incluir essas dívidas da Eletrobrás
na CDE até que fosse feita a fiscalização.
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