sexta-feira, 3 de março de 2017

POSSIBILIDADE DE CASSAÇÃO DE MANDATO PRESIDENCIAL DE 2014








MARCELO ODEBRECHT DIZ QUE DOOU
R$ 150 MILHÕES À CAMPANHA DE DILMA.

Valor foi repassado por meio de caixa 2 da eleição de 2014, diz executivo.

Do total, R$ 50 milhões foram contrapartida por MP que beneficiou o grupo.

Executivo confirma reunião com Temer, mas diz não ter tratado de valores.

O empresário Marcelo Odebrecht diz ter doado R$ 150 milhões à chapa Dilma/Temer na eleição de 2014 como caixa dois. Parte desse valor foi contrapartida pela aprovação da medida provisória do Refis, que beneficiou o grupo.

O ex-presidente da Odebrecht também confirmou um encontro com Temer para tratar de doações para o PMDB, mas disse não ter discutido valores com o então vice-presidente.

As declarações foram feitas em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira (1º), na ação que pede a cassação da chapa Dilma/Temer. Embora o depoimento seja sigiloso, a TV Globo confirmou o conteúdo das declarações com diversas fontes.

Veja os principais pontos das declarações:

- Empresário diz ter pago R$ 150 milhões em caixa 2 à chapa Dilma/Temer em 2014.

- Parte foi pago no exterior a João Santana, marqueteiro do PT. Dilma sabia.

- R$ 50 milhões foram contrapartida por MP benéfica ao grupo, acertada com o ex-ministro Mantega,

- Empresário confirma reunião em 2014 com Temer sobre doação ao PMDB, mas nega ter tratado de valores com o então vice-presidente.

- As campanhas de Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (então no PSB) e Eduardo Campos (PSB) receberam recursos da Odebrecht, mas não falou se via caixa 1 ou 2.

Em nota, a assessoria de Dilma nega que ela tenha autorizado pagamentos via caixa 2 em suas campanhas presidenciais.

O Palácio do Planalto disse que o depoimento confirma a versão de Temer sobre o encontro, e que os valores repassados ao PMDB foram declarados. 

O partido ressalta que todos os contatos para financiamento de campanha foram feitos dentro da legalidade e que o TSE aprovou as contas.

O PSDB e Marina Silva negaram recebimento de caixa 2. O advogado de João Santana, Fábio Tofic, e o ministro Eliseu Padilha não vão se pronunciar sobre as declarações. A reportagem tenta contato os demais citados.

Depoimento.

A audiência de Marcelo Odebrecht ocorreu na tarde de quarta-feira (1º) na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba, e terminou por volta das 18h30. O conteúdo do depoimento será mantido sob sigilo.

O empresário, que está preso na carceram da PF em Curitiba, foi ouvido como testemunha nas ações que tramitam no tribunal pedindo a cassação da chapa Dilma/Temer suposto abuso de poder político e econômico na eleição presidencial de 2014.

Marcelo Odebrecht afirmou que parte dos R$ 150 milhões repassados à chapa Dilma/Temer em 2014 foi paga no exterior a João Santana, marqueteiro do PT, com conhecimento de Dilma.

A Operação Lava Jato havia identificado pagamentos ilegais de cerca de R$ 22,5 milhões da Odebrecht a João Santana e à mulher dele, Mônica Moura, entre outubro de 2014 e maio de 2015. 

O coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, afirma que esses valores eram parte da propina que deveria ser paga pela empresa ao PT.

No depoimento de quarta-feira (1º), Marcelo Odebrecht não precisou quanto dos R$ 150 milhões repassados à campanha de Dilma de 2014 era propina, mas afirmou que R$ 50 milhões foram uma contrapartida pela aprovação de uma medida provisória 470/2009, conhecida como MP do Refis, editada pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esse acerto foi feito com o ex-ministro Guido Mantega, segundo Odebrecht.

Odebrecht contou que o PT não precisou usar o valor da contrapartida na campanha de 2010 e cobrou a propina para a campanha de Dilma, de 2014.

O empresário confirmou ter participado de um jantar com o então vice-presidente Michel Temer em 2014, onde tratou de doações para o PMDB. Odebrecht, entretanto, disse não ter tratado de valores com Temer, e que acredita que os valores foram discutidos entre o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira, Claudio Mello Filho e o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Em delação, Mello Filho relatou ao Ministério Público Federal (MPF) que o presidente Michel Temer pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht. O acerto, segundo o ex-executivo, foi feito em um jantar em 2014 do qual participaram ele, Odebrecht, Temer e Padilha.

Parte do valor destinado ao PMDB, diz Mello Filho, foi repassado via Padilha no escritório de José Yunes, ex-assessor de Temer. Yunes confirma ter recebido um "pacote" do qual desconhece o conteúdo, e alega ter sido uma "mula involuntária" de Padilha.

Quando a delação de Mello Filho veio à tona, em dezembro do ano passado, o Palácio do Planalto disse que Temer "repudia com veemência" as afirmações de Mello Filho, e que todas as doações da Odebrecht ao PMDB foram declaradas ao TSE.

No depoimento de quarta-feira, Marcelo Odebrecht afirmou ainda à Justiça Eleitoral que a empreiteira também doou dinheiro para Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (então no PSB) e Eduardo Campos (PSB), que participaram da campanha presidencial de 2014. 

O ex-presidente da empreiteira não esclareceu se os pagamentos foram feitos via caixa 1 ou 2.

Sobre os repasses a Aécio, Odebrecht disse que o tucano pediu R$ 15 milhões no fim do primeiro turno das eleições. O executivo informou que não poderia fazer o repasse. 

Aécio, então, sugeriu que os R$ 15 milhões fossem repassados a aliados.

Odebrecht disse, no depoimento, que concordou e que o pagamento foi acertado entre o delator Sérgio Neves, ex-diretor da Odebrecht, e o empresário Osvaldo Borges, apontado como operador de Aécio.  

As perguntas sobre o assunto foram feitas por um advogado de Dilma.

Os valores repassados a Eduardo Campos e Marina Silva não foram especificados mas, segundo o ex-presidente da empreiteira, foram menores.

Novos depoimentos.

O depoimento de Marcelo Odebrecht foi determinado pelo ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa Dilma/Temer no TSE.

A expectativa é que o empreiteiro possa ter informações relevantes para as ações sobre ocaso, apresentadas pelo PSDB. Nelas, o partido aponta uma série de irregularidades, entre elas o financiamento ilegal por empresas investigadas na Operação Lava Jato.

Além de Marcelo Odebrecht, outros quatro executivos da companhia devem ser ouvidos a pedido do TSE. 

Nesta quinta-feira (2), prestam depoimento Benedicto Barbosa da Silva Junior e Fernando Reis, no Rio de Janeiro. Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos devem depor na segunda-feira (6) em Brasília.
Fonte: G1 – PE e DF.

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