Relator do processo deve condenar parlamentares
Na retomada do julgamento do
mensalão, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, votará pela condenação dos parlamentares ex-parlamentares do PR, PTB e PMDB. Todos, além
do PP, são acusados de receber recursos públicos via PT em troca de apoio a projetos
de interesse do governo Lula. A expectativa é que o relator use as sessões
desta quarta e quinta para demonstrar que os parlamentares que à época
receberam recursos do mensalão cometeram o crime de corrupção passiva. O
ex-presidente e ex-líder do partido do PL (atualmente PR) na Câmara Valdemar
Costa Neto e o ex-vice-líder da bancada Bispo Rodrigues (RJ), o presidente do
PTB, Roberto Jefferson, Romeu Queiroz, então vice-líder da do PTB na Câmara, e
o ex-líder do PMDB José Borba (PR) deverão ser condenados. Eles são acusados
dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ministro, que usou boa
parte da segunda-feira contando, segundo ele, como o esquema de compra de apoio
político foi estruturado com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder,
deve apresentar nesta quarta votos pela condenação mais curtos contra os demais
políticos. Conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira,
Joaquim Barbosa deve revelar apenas na quinta seu voto pela condenação do
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu como o responsável pelo esquema de
cooptação de parlamentares para aderir à base aliada do governo Lula e aprovar
matérias do à época novo governo. Para sustentar o pedido de condenação de
Dirceu, Barbosa deve relatar as negociações políticas com os partidos que
teriam sido conduzidas por ele e as relações do ex-chefe da Casa Civil com o
publicitário Marcos Valério, apontado como o operador do esquema que distribuiu
recursos aos partidos da base aliada, a pedido do então tesoureiro petista,
Delúbio Soares. No atual capítulo, o ex-ministro responde nove vezes por
corrupção ativa. Somente no último capítulo do julgamento é que o Supremo
decidirá se Dirceu cometeu formação de quadrilha. Ministros do STF ouvidos
pelo Grupo Estado devem concordar com o voto do relator pela condenação dos
políticos e de Dirceu. Esse item do julgamento deve demorar semanas mais do que
os capítulos já apreciados. Contudo, há magistrados que vão discordar da
fundamentação da posição de Barbosa. Um ministro disse que, em vez da compra de
apoio para a aprovação das reformas previdenciária e tributária na Câmara dos
Deputados, houve, com o pagamento de propina, a criação de um sistema de
fidelização de partidos aos interesses do PT, legenda que chegara ao poder em com
a ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder.
(Matéria
reproduzida pela Agência Estado.)
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