ANÁLISE PRELIMINAR DAS ELEIÇÕES
Se existe uma coisa que as
eleições municipais não são é uma batalha entre os partidos políticos nacionais
para definir um vencedor. Para estabelecer o “campeão”. Mas há quem insista em
vê-las assim. Quem ache que a única coisa que importa é quantas prefeituras
determinado partido “conquista”, se cresce ou cai em relação às eleições
anteriores. Se, nas capitais e grandes cidades, vence ou perde. Desde agosto,
quando começaram a ser publicadas pesquisas sobre as intenções de voto em uma
quantidade maior de cidades, estamos vendo exemplos desse raciocínio. São as
“contabilidades” - por enquanto, é claro, provisória sobre o número de
municípios importantes em que cada partido “vai ganhar”. Considerando
quão imprecisas costumam ser essas projeções, tais contas, na maior parte das
vezes, nada mais são que exercícios de “especulação torcedora” ou, como se diz
em inglês, - wishfull thinking-. Ao invés de embarcar nelas, é melhor
aguardar e ver o que o eleitorado decidiu. Mais
relevante é discutir o modelo belicista que está subjacente ao raciocínio. Que
visualiza as eleições - e, por extensão, a vida politica - como um combate onde
só um ganha e os demais perdem. Em uma acepção puramente individualista, em que
as disputas eleitorais são apenas enfrentamentos pessoais, isso talvez
seja verdade. Para o indivíduo que se candidata a um cargo político, não ter
sucesso pode ser uma decepção e significar o fim de um projeto acalentado
durante anos. Isso não é, no entanto, verdadeiro para os partidos políticos
reais e para quem faz política em seu âmbito. Nesse caso, as derrotas e
vitórias adquirem outro significado, pois são vistas em perspectiva mais ampla.
Pode-se perder hoje e ganhar amanhã, sendo os fracassos oportunidades para
adquirir força para embates futuros. Nas eleições deste ano, temos candidatos
que exemplificam essas possibilidades. Desde os que não possuem qualquer
vínculo efetivo com partidos e projetos de longo prazo, aos que atuam na
política com ideologia e solidez.
Antônio
Scarcela Jorge.
*O
comentarista é: Jornalista e Bacharelando
em Direito
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