sexta-feira, 11 de junho de 2021

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2021 - POSTADO ÀS 10:50 H

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
PREOCUPAÇÃO
COM A EDUCAÇÃO
 
Nobres:
Assunto que exteriorizou “os portões” de qualquer instituição dos estabelecimentos educacionais em toda categoria em função da anomalia que não era prevista em anos anteriores agora a pandemia viral veio transformar tudo que evidencia neste momento, há de se perguntar como destino e como será a escola brasileira quando a pandemia passar? Estaremos mais bem preparados caso novas pandemias apareçam no futuro, daqui a cinco ou 20 anos? É difícil não tentar prenunciar de que formas absorverão os impactos e as lições deste momento tão complexo para a educação em todo o território nacional. No entanto, em termos de educação, nenhuma transformação é rápida ou indolor. As feridas abertas por tantas adaptações e tantas perdas ao longo do último ano ainda não estão sequer fechadas. Sua cicatrização é ainda um horizonte distante e será preciso pensar primeiro no presente que ainda persiste, antes de nos debruçarmos sobre o futuro hipotético. É justo lembrar que nenhum dos problemas enfrentados hoje pelas escolas deste país é novo e  que a pandemia fez foi salientar as questões estruturais deficitárias com as quais a escola brasileira sempre conviveu. Principalmente e por demais a escola pública, é mesmo dentro da escola pública, muitas realidades distintas se sobrepõem. No entanto, há mais de um ano, esses problemas saltaram os muros das escolas e ficaram expostos ao restante da sociedade, que foi convocada a olhar para essas condições. Um dos traços mais marcantes desta pandemia é a capacidade de refletir sobre a impermanência de tudo aquilo que considerávamos garantido e na realidade, a única constância é a inconstância. As respostas não são certas na vida contemporânea. Isso não se deve apenas à pandemia e se aplica a todos os aspectos de nosso cotidiano, inclusive à educação. Fala-se muito, há muito tempo, sobre revolução educacional e pronunciam que é preciso mudar a educação, que precisamos de grandes mudanças. Consideramos que essas grandes mudanças por força circunstancial deve-se mudar, instituição, sociedade “chegaram”. Mas as grandes mudanças provocam incômodo, levam tempo e demandam muito trabalho. Isso posto, todos os elementos envolvidos na formação de nossos jovens precisam considerar essa condição. A formação docente precisa olhar para essas incertezas; a organização do espaço físico deve compreender possibilidades antes desnecessárias; a proposta curricular tem de identificar de que formas os diferentes saberes podem ser trabalhados em circunstâncias diversas. Nesse cenário, construir políticas públicas é parte de um processo muito mais profundo. Este exemplo foi de forma cotidiana, às crianças apresentarão marcas deste período que estão passando fora da escola. Então, qualquer esforço precisará contemplar naquilo que se cognomina “essas cicatrizes”. Quanto mais autonomia a escola tiver para lidar com suas próprias necessidades, melhor. 97% dos professores afirmam que gostariam de participar da construção de políticas públicas de seus municípios, obviamente acontece porque há questões que são muito particulares de cada um dos rincões do Brasil. Há que se reverem pontos como merenda escolar, transporte, permanência desses alunos na escola. Não se trata apenas de evitar que eles evadam ou que percam um ou dois anos letivos, mas, principalmente, de garantir uma aprendizagem efetiva e de qualidade no que é fundamental. Antes de desenhar políticas para uma futura pandemia, é fundamental olhar para a pandemia atual. Tentar entender que segmentos da legislação e da documentação escolar não cabem em uma escola que se depara com o inesperado e, assim, agir juntos, como sociedade, para melhorar essas especificidades. É uma característica de a educação desconstruir-se e reconstruir-se ininterruptamente. Por isso, uma das maiores armadilhas neste momento é imaginar que, quando tudo passar, nossos alunos voltarão a viver a escola que viviam antes de 2020. Ora aquela escola não existe mais. Talvez o mais importante seja entender que o que estamos vivenciando não é uma sala de espera para um futuro pós-pandêmico, mas uma realidade concreta. Seja preciso entender que, caso essa situação se repita no futuro, novamente não saberemos como agir. E, se não podemos preparar uma mochila de emergência, podemos estar mais abertos a uma escuta ativa, um olhar comprometido, uma escolha atenta e verdadeiramente empática. Ao prevê para uma próxima pandemia, mas também para receber os alunos de volta amanhã ou depois.
Antônio Scarcela Jorge.

 

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