COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
NA
ANOMALIA COTIDIANA
Nobres:
Nesta segunda que se inicia quatro de maio, como
todas as outras, terá suas particularidades. Algumas delas se destacam. Além de
mais avanço de contaminações e caos na saúde, haverá também a maior
explicitação de desajustes econômicos causados pela Covid-19. Os governos,
em todos os níveis, irão pagar salários com queda substancial de arrecadação,
seja de ISS (prefeituras) ou ICMS (governos estaduais). As empresas reduziram
pagamentos de tributos porque tiveram receitas reduzidas. Em termo nacional é
variável, mas tem sentido comum, na média, pouco menos de 50%, mas várias delas
com faturamento quase zero. Algumas empresas que obtiveram algum recurso de
origem as União, certamente não utilizarão para pagar tributos, mas para folha
de salários e fornecedores. Boa parte do caixa que as empresas tinham em março
já foi exaurida nos pagamentos de abril. Ou seja, esta semana desnudará
fragilidades que vêm se acumulando, desde o início da crise do Covid-19. Vários governos estaduais e municipais já
anunciaram que não conseguirão pagar salários aproveitando a crise e ânsia de
serem não pagadores e se pagam foram sucessivamente por decisão judicial. Está
a vista, ou melhor, de conhecimento da população. As empresas berram menos publicamente,
obviamente com exceção das residências da cúpula do setor público. O emprego
informal (sempre existiu há décadas nos governos “dos bonzinhos corruptos”.) onde
o lulismo se fazia que o país vivesse no céu, ainda os seus fanáticos se
fantasiam na utopia, deverá sofrer novo impulso com as dificuldades das
empresas de honrar salários. Ou seja, a pressão sobre governadores e prefeitos
para relaxar medidas de distanciamento terão ainda mais apelo, pois serão
importantes para a sobrevivência política deles. No entanto, na saúde, as
subnotificações de contaminações tornar-se-ão cada vez mais óbvias, pois é mais
difícil ignorar os contaminados. Jogá-los na conta de outras enfermidades e
causa mortis está se tornando cada vez mais difícil. Desta forma, nesta semana
que se inicia, o conflito entre motivações econômicas e de preservação da vida
se tornará mais concreto. As autoridades mais próximas dos cidadãos terão que
tomar decisões cujos sacrifícios gerados serão mais óbvios. Com isso, o ônus
político do caos pode ser jogado nas costas deles como é natural. Aproxima-se a
corda que sempre corroem no lado do povo que cabe dirimir o seu destino.
Antônio Scarcela Jorge.
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