segunda-feira, 4 de maio de 2020

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEGUNDA-FEIRA 4 DE MAIO DE 2020

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
NA ANOMALIA COTIDIANA

Nobres:
Nesta segunda que se inicia quatro de maio, como todas as outras, terá suas particularidades. Algumas delas se destacam. Além de mais avanço de contaminações e caos na saúde, haverá também a maior explicitação de desajustes econômicos causados pela Covid-19.  Os governos, em todos os níveis, irão pagar salários com queda substancial de arrecadação, seja de ISS (prefeituras) ou ICMS (governos estaduais). As empresas reduziram pagamentos de tributos porque tiveram receitas reduzidas. Em termo nacional é variável, mas tem sentido comum, na média, pouco menos de 50%, mas várias delas com faturamento quase zero. Algumas empresas que obtiveram algum recurso de origem as União, certamente não utilizarão para pagar tributos, mas para folha de salários e fornecedores. Boa parte do caixa que as empresas tinham em março já foi exaurida nos pagamentos de abril. Ou seja, esta semana desnudará fragilidades que vêm se acumulando, desde o início da crise do Covid-19.  Vários governos estaduais e municipais já anunciaram que não conseguirão pagar salários aproveitando a crise e ânsia de serem não pagadores e se pagam foram sucessivamente por decisão judicial. Está a vista, ou melhor, de conhecimento da população. As empresas berram menos publicamente, obviamente com exceção das residências da cúpula do setor público. O emprego informal (sempre existiu há décadas nos governos “dos bonzinhos corruptos”.) onde o lulismo se fazia que o país vivesse no céu, ainda os seus fanáticos se fantasiam na utopia, deverá sofrer novo impulso com as dificuldades das empresas de honrar salários. Ou seja, a pressão sobre governadores e prefeitos para relaxar medidas de distanciamento terão ainda mais apelo, pois serão importantes para a sobrevivência política deles. No entanto, na saúde, as subnotificações de contaminações tornar-se-ão cada vez mais óbvias, pois é mais difícil ignorar os contaminados. Jogá-los na conta de outras enfermidades e causa mortis está se tornando cada vez mais difícil. Desta forma, nesta semana que se inicia, o conflito entre motivações econômicas e de preservação da vida se tornará mais concreto. As autoridades mais próximas dos cidadãos terão que tomar decisões cujos sacrifícios gerados serão mais óbvios. Com isso, o ônus político do caos pode ser jogado nas costas deles como é natural. Aproxima-se a corda que sempre corroem no lado do povo que cabe dirimir o seu destino.
Antônio Scarcela Jorge.

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