COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
INSTÂNCIA INSÓLITA
Nobres:
A pandemia coloca um antagonismo entre duas
posições. A de que as pessoas se isolem para não propiciar contaminação e a de
que a economia suspensa em suas atividades tirará o sustento das pessoas, provocará
a derrocada das empresas e o caos social. A verdade é que as autoridades estão
procurando graduar a flexibilização para encontrar uma espécie de equilíbrio.
As convicções são fortes de parte a parte, e os que portam a caneta precisam
ouvir bastante, receber informações atualizadas e, mais do que nunca, utilizar
estatísticas. A seta que indica o caminho carrega a intensidade dos fatos.
Neste aspecto encontramos os livros assentados em nossas prateleiras a obra de Paul Veyne intitulada “Foucault:
sa pensée, sa personne” expressa que "os contemporâneos estão,
portanto, tão encerrados em discursos como em aquários falsamente
transparentes, e ignoram que aquários são esses e até mesmo o fato de que há
um. As falsas generalidades e os discursos variam ao longo do tempo; mas a cada
época eles passam por verdadeiros." É necessário, pois, como dizia
Foucault, programar a arqueologia, que Veyne denomina de "balanço
desmistificador". Deveras tal balanço é fundamental para entender certos
aquários, onde os peixinhos, ignaros e/ou desinformados em sua quase
totalidade, desconhecem o que se passa acima do nível em que vivem, hábitat de
peixes grandes que lembram o Pacheco, personagem de Eça de Queiroz no livro A
Correspondência de Fradique Mendes. Pacheco, estudante da Universidade de
Coimbra, em Portugal, era um sujeito tido como brilhante. Virou deputado,
ministro e primeiro-ministro. Quando morreu, a pátria toda chorou. Os
jornalistas foram estudar sua biografia e descobriram que ele não tinha feito
nada. Era uma fraude. Ostentava falsas grandezas. No Brasil oficial, aquário
que lembra o País de Cocagne, sobeja
Pacheco com aparência de Catão e uma ambição pessoal desmedida, obnubilada por
alegada servidão aos interesses do País. Esses especialistas em artes cênicas,
ao longo do tempo, sempre agiram sem qualquer rubor, objetivando tornar
históricos momentos em que são pronunciados discursos, declarações e arroubos
indignados quando atos ilícitos são descobertos, ou quando a ocasião é propícia
para tirar proveito dos acontecimentos, geralmente em meio a crises, cujas
consequentes agruras são sentidas apenas no Brasil real, o que remete a
Benedetto Croce, que doutrina que, assim como nenhum homem é uma ilha, nenhuma
crise pode ser tratada como fenômeno isolado. Ela é sempre, de certo modo, uma
infecção generalizada. Não é sem razão, pois, que a ética dominante no Brasil
oficial é na verdade controlada, regulada e legislada pelo Estado. Essa ética
do poder nasceu em uma comunidade de antanho, formada por juízes, servidores
públicos, civis e militares, etc., a qual irá compor, ao longo dos séculos,
mas, diante desta pandemia o Presidente da República procura modelar sua
autoridade ferida pelos Governadores dos Estados na ânsia em disputar as
próximas eleições presidenciais, depois que estas feras irão se degradar
continuando gerando crises muito pior desta pandemia que ora aspiram à sucessão
presidencial agora com pressa para colocar o presidente em impedimento, onde
quase todos foram “cassados” não discuto o (dês) mérito das questões, todos em
sentido comum. Na esclerose corrupta dos políticos que predominam o poder com
as ações determinadas pelo legislativo da União, e o pior com anuência do STF
por seus membros majoritário que observam o interpretativo que lhes facultam
constituído pela Constituição vigente e ainda fortalecidos pelo poder da mídia,
radicais e espertos, lembrou daquilo que o saudoso Raymundo Faoro denomina de
"estamento burocrático" (Os Donos do Poder), entidade anônima,
parasítica do Brasil real, que necessita de uma urgente tomada de providência,
no entanto entrar na bancarrota.
Antônio Scarcela Jorge.
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