COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
A
‘MALÍCIA’ É MÉRITO DESTE GOVERNO.
Nobres:
A confusão no Brasil é tanta que
está difícil responder qualquer pergunta. O que significa boa índole para você?
Isso porque o presidente Temer, em entrevista dada segunda-feira à Folha, disse que sempre teve convicção de que o deputado Rocha Loures tinha boa índole. Sim, aquele mesmo, o deputado Rocha Loures que foi filmado correndo com uma mala de dinheiro pela rua. As palavras do presidente: “Eu o conheci como deputado, depois foi para o meu gabinete na Vice-Presidência, depois me acompanhou na Presidência, mas é um homem de muito boa índole. Agora, esse gesto não é aprovável. Ou seja, ser filmado correndo com uma mala com 500 mil reais de propina no Brasil virou um gesto que não é aprovável, nas palavras do presidente Temer. Que quer fazer do povo imbecil e por “este mérito Brasil” que nos parece que vai tapear o povo até o final de seu mandato. Afinal pela honestidade de ambos da Dilma e o do Lula, um santo brasileiro que segmentos da ladroagem o canonizaram e como no Brasil tudo é possível nem se esperou o Papa para este fim. Dentro desse novo conceito de boa índole, comprar dois juízes e um procurador é bobagem e pura honestidade, honestidade promovida por assaltantes de bancos e de carros fortes, dentre outras coisas que a sociedade ética subjuga. Pela razão deles acha o presidente recebeu no Palácio empresário que está sendo investigado, fora da agenda oficial e tarde da noite. Sua justificativa: “Eu nem sabia que ele estava sendo investigado”. Ouviu do empresário ter comprado dois juízes e um procurador, mas não levou em conta, porque ouve muita gente e muita gente lhe diz as maiores bobagens, que ele não leva em conta. E é claro que isso não foi prevaricação sua porque, dentro desse novo conceito de boa índole, afirmar ter comprado dois juízes e um procurador é apenas uma bobagem! E se você tem boa índole, na perspectiva do presidente Temer, pode colocar sempre a culpa na ingenuidade: “Fui ingênuo ao receber uma pessoa naquele momento”, eis as palavras do presidente em resposta à pergunta: “O senhor falou muito do Joesley. Mas qual a culpa que o senhor tem?” Agora se você tem boa índole, na perspectiva do presidente Temer, e além disso é chefe do Poder Executivo, a situação é a seguinte: os ministros denunciados no seu governo serão afastados e se virarem réus, exonerados. Entretanto, na perspectiva do presidente Temer, os ministros são agentes do Executivo, de modo que a linha de corte que ele estabeleceu para os ministros, por evidente não será a linha de corte que estabelecerá para si mesmo, já que ele é o presidente. E afirma: “Se quiserem, me derrubem”, ao negar de novo a renúncia. É exatamente isso o que os brasileiros estão tentando fazer. E eu espero, sinceramente, que a luta e a resistência dos brasileiros sirvam não apenas para derrubá-lo, mas que sirvam também para resgatar o conteúdo ético que termos como boa índole sempre tiveram em nosso vernáculo. E que diante de algum arroubo mais feroz de indignação genuína contra atos e falas execráveis desse governo de réus e desse Congresso de réus, possam colocar a culpa na honestidade, muito mais digna que a ingenuidade. É uma sacanagem com o povo brasileiro.
Antônio Scarcela Jorge. Isso porque o presidente Temer, em entrevista dada segunda-feira à Folha, disse que sempre teve convicção de que o deputado Rocha Loures tinha boa índole. Sim, aquele mesmo, o deputado Rocha Loures que foi filmado correndo com uma mala de dinheiro pela rua. As palavras do presidente: “Eu o conheci como deputado, depois foi para o meu gabinete na Vice-Presidência, depois me acompanhou na Presidência, mas é um homem de muito boa índole. Agora, esse gesto não é aprovável. Ou seja, ser filmado correndo com uma mala com 500 mil reais de propina no Brasil virou um gesto que não é aprovável, nas palavras do presidente Temer. Que quer fazer do povo imbecil e por “este mérito Brasil” que nos parece que vai tapear o povo até o final de seu mandato. Afinal pela honestidade de ambos da Dilma e o do Lula, um santo brasileiro que segmentos da ladroagem o canonizaram e como no Brasil tudo é possível nem se esperou o Papa para este fim. Dentro desse novo conceito de boa índole, comprar dois juízes e um procurador é bobagem e pura honestidade, honestidade promovida por assaltantes de bancos e de carros fortes, dentre outras coisas que a sociedade ética subjuga. Pela razão deles acha o presidente recebeu no Palácio empresário que está sendo investigado, fora da agenda oficial e tarde da noite. Sua justificativa: “Eu nem sabia que ele estava sendo investigado”. Ouviu do empresário ter comprado dois juízes e um procurador, mas não levou em conta, porque ouve muita gente e muita gente lhe diz as maiores bobagens, que ele não leva em conta. E é claro que isso não foi prevaricação sua porque, dentro desse novo conceito de boa índole, afirmar ter comprado dois juízes e um procurador é apenas uma bobagem! E se você tem boa índole, na perspectiva do presidente Temer, pode colocar sempre a culpa na ingenuidade: “Fui ingênuo ao receber uma pessoa naquele momento”, eis as palavras do presidente em resposta à pergunta: “O senhor falou muito do Joesley. Mas qual a culpa que o senhor tem?” Agora se você tem boa índole, na perspectiva do presidente Temer, e além disso é chefe do Poder Executivo, a situação é a seguinte: os ministros denunciados no seu governo serão afastados e se virarem réus, exonerados. Entretanto, na perspectiva do presidente Temer, os ministros são agentes do Executivo, de modo que a linha de corte que ele estabeleceu para os ministros, por evidente não será a linha de corte que estabelecerá para si mesmo, já que ele é o presidente. E afirma: “Se quiserem, me derrubem”, ao negar de novo a renúncia. É exatamente isso o que os brasileiros estão tentando fazer. E eu espero, sinceramente, que a luta e a resistência dos brasileiros sirvam não apenas para derrubá-lo, mas que sirvam também para resgatar o conteúdo ético que termos como boa índole sempre tiveram em nosso vernáculo. E que diante de algum arroubo mais feroz de indignação genuína contra atos e falas execráveis desse governo de réus e desse Congresso de réus, possam colocar a culpa na honestidade, muito mais digna que a ingenuidade. É uma sacanagem com o povo brasileiro.
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