segunda-feira, 6 de julho de 2020

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEGUNDA-FEIRA 6 DE JULHO DE 2020


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RIO
Scarcela Jorge
PRECONCEI
TO E A 
RAZÃO

Nobres:
Na realidade existe um sarapatel de contradições que objetivamente se discorrem neste período de pandemia. Aliados as teses “da razão” aparentemente, muitos de nós acreditávamos, com certa parte de segurança que estávamos vivendo a era da ciência, o momento no qual o conhecimento científico seria preponderante e suas ideias assimiladas universalmente. Aqueles que haviam estudado a história e lido que em crises pandêmicas anteriores a humanidade se valeu de crendices e questionamentos das bases científicas da época, acreditavam que isso jamais se repetiria em um mundo altamente conectado, onde o papel da ciência e da tecnologia se tornou essencial. Com o impacto da pandemia já admitimos um erro de avaliação e as sociedades ainda se alimentam de preceitos avessos ao ideário científico. Neste emaranhado de controvérsias fica perceptível quando, de uma hora para outra, surgem movimentos contra o uso das vacinas ou de apoiadores da ideia de que a Terra é plana, criando um negaciosismo científico que chega a beirar a insanidade. Por não possuírem um conhecimento científico e estarem conduzidas por paixões outras, muitas pessoas mundo afora fazem afirmações que, na verdade, servem mais como uma assertiva dentro de suas empolas sociais. Infelizmente, o mesmo mundo conectado, que permite a circulação das ideias e o avanço do conhecimento, traz elementos sociais que carecem do entendimento de alguns conceitos fundamentais do mundo contemporâneo, como o da ciência, da democracia e da tolerância. Parece que adentramos a era do conhecimento com os pés atolados na lama do obscurantismo. Isso nos leva a refletir sobre o grande papel que a educação tem a desempenhar. Não se trata de transformar a ciência e a tecnologia em uma nova religião, mas sim, de afirmar que sem essas ferramentas poderemos dormir no século XXI e acordar nas cavernas. Atualmente, temos à disposição um aparato científico e tecnológico muito amplo e importante, mas ele não é absoluto. Ainda não conseguimos responder a muitas questões e, especialmente na saúde, mesmo sendo uma das áreas de maior avanço nos últimos anos, continuamos com diversas doenças que ainda não têm soluções definitivas. Existe muito a aprender e ciência a ser criada. A história já nos ensinou várias lições, talvez a mais atual seja a de que as mentalidades são uma das últimas coisas a mudar e têm um ciclo de longa duração. Esse período pode ser maior do que se imagina quando se trata de ciência e nos cabe, como educadores e cientistas, trabalhar ainda mais para que o conhecimento se sobressaia e a pretexto exceda o convencionalismo e voltarmos aperfeiçoados a realidade.
Antônio Scarcela Jorge.


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