COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
PRECONCEITO
E A RAZÃO
Nobres:
Na realidade existe um sarapatel de contradições que objetivamente se
discorrem neste período de pandemia. Aliados as teses “da razão” aparentemente,
muitos de nós acreditávamos, com certa parte de segurança que estávamos vivendo
a era da ciência, o momento no qual o conhecimento científico seria
preponderante e suas ideias assimiladas universalmente. Aqueles que haviam
estudado a história e lido que em crises pandêmicas anteriores a humanidade se
valeu de crendices e questionamentos das bases científicas da época,
acreditavam que isso jamais se repetiria em um mundo altamente conectado, onde o
papel da ciência e da tecnologia se tornou essencial. Com o impacto da pandemia
já admitimos um erro de avaliação e as sociedades ainda se alimentam de
preceitos avessos ao ideário científico. Neste emaranhado de controvérsias fica
perceptível quando, de uma hora para outra, surgem movimentos contra o uso das
vacinas ou de apoiadores da ideia de que a Terra é plana, criando um
negacionismo científico que chega a beirar a insanidade.
Por não possuírem um conhecimento científico e estarem conduzidas por
paixões outras, muitas pessoas mundo afora fazem afirmações que, na verdade,
servem mais como uma assertiva dentro de suas empolas sociais. Infelizmente, o
mesmo mundo conectado, que permite a circulação das ideias e o avanço do
conhecimento, traz elementos sociais que carecem do entendimento de alguns
conceitos fundamentais do mundo contemporâneo, como o da ciência, da democracia
e da tolerância. Parece que adentramos a era do conhecimento com os pés
atolados na lama do obscurantismo. Isso nos leva a refletir sobre o grande
papel que a educação tem a desempenhar. Não se trata de transformar a ciência e
a tecnologia em uma nova religião, mas sim, de afirmar que sem essas
ferramentas poderemos dormir no século XXI e acordar nas cavernas. Atualmente,
temos à disposição um aparato científico e tecnológico muito amplo e
importante, mas ele não é absoluto. Ainda não conseguimos responder a muitas
questões e, especialmente na saúde, mesmo sendo uma das áreas de maior avanço
nos últimos anos, continuamos com diversas doenças que ainda não têm soluções
definitivas. Existe muito a aprender e ciência a ser criada. A história já nos
ensinou várias lições, talvez a mais atual seja a de que as mentalidades são
uma das últimas coisas a mudar e têm um ciclo de longa duração. Esse período
pode ser maior do que se imagina quando se trata de ciência e nos cabe, como
educadores e cientistas, trabalhar ainda mais para que o conhecimento se
sobressaia e a pretexto exceda o convencionalismo e voltarmos aperfeiçoados a
realidade.
Antônio Scarcela Jorge.
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