terça-feira, 26 de novembro de 2019

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA 26 DE NOVEMBRO DE 2019


COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
PRÓPRIO AO NATURAL

Nobres:
Não queria tocar nesse assunto, contudo a pergunta que vem a público, de verdadeiros amigos, por ocasião, o porquê de não lançar um livro relatando a história em especial do nosso munícipio: em resposta vos digo: Tenho outro alargado conceito. Enveredo por questões contemplativas que me considero prioridade díspar até mesmo daquilo que imagino.   Talvez seja uma pessoa sentimentalista que comento algo que extrapola o direcional. Vou mais além; busco nas leituras universais e tenho conceito para determinar e me posicionar sobre o interpretativo literário universal, “esse o meu lema”. Dentre do emaranhado e controvertido aspecto instituem-se comendas para um seleto individualismo como irrelevância, o comum daqueles que querem arguir a mera projeção. Em parte aquilo que soberba a leitura é fator secundário. Entre outros não enxergam utilidade em saber um pouco mais sobre as opiniões que moldam nossas atitudes. No entanto, pode não ser absurdo constatar que, até para se conhecer um pouco mais, importa saber como os conceitos se desenvolveram e acabaram por formar as concepções. Derivo para outro tema para me instar. Entre dos muitos exemplos é a nossa cultura própria trazemos uma provocativa análise de como a mentalidade ocidental foi influenciada pelos valores do Cristianismo há séculos pretéritos que presentemente permanece sendo o termômetro direcional da humanidade. (aqui e ali). Ao longo dessa história se consegue mostrar como os valores básicos da religião cristã estiveram em tensão interna e externa. No interior de suas escrituras e de suas estruturas hierárquicas. Tensões que levaram o Cristianismo ao grande cisma da Reforma Protestante deflagrada por Martinho Lutero, em 1520. Mas os valores cristãos também moldaram as crenças e pressupostos até mesmo de movimentos que não se reconhecem como cristãos. A reforma da Igreja Católica promovida por Gregório VII. Que, em 1076, estrategicamente impulsionara a separação entre Igreja e Estado e afirmara o primado do papado sobre os católicos. Muitos dos eventos que já conhecíamos pela Bíblia ou através dos livros de história vão sendo revelado a partir de perspectivas que antes não havíamos imaginado. Passa pelos contrastes entre os papas e seus legatários em momentos de degradação como o das guerras religiosas e a Inquisição deflagrada pelo papa Inocêncio III em 1215 e aprofundada pelo papa Gregório IX em 1231. Mas também realça momentos sublimes como os de São Francisco, São Martim ou Santa Elizabeth, em que os valores fundantes do amor ao próximo e da paz também foram moldando a mentalidade ocidental. Lançado pelos criadores do Direito Canônico nos anos 1200 em Bolonha. E que chegam até os movimentos pelos direitos civis e à contrarrevolução cultural tão bem exemplificada pelos Beatles. Imaginar um mundo de fraternidade e paz entre todos os povos. Ele nos apresenta o Cristianismo como a mais influente estrutura de explicação do sentido da existência humana. Como ocorreu com o Marxismo-leninismo. Que, na análise do nosso autor, trocou os profetas cristãos por um profeta ‘científico’. Não faria muito sentido sem a versão bíblica de que Deus criou a humanidade à sua imagem e semelhança. E que o filho de Deus morreu para o bem de todos, judeus ou gregos, escravos ou livres, homens ou mulheres. No entanto avança que a diminuição da religiosidade em sociedades ocidentais, sobretudo as europeias, não significa o recesso dos valores cristãos. Esses continuam profundamente incrustados na mentalidade ocidental. Sem dúvida um livro que ajuda a compreender a evolução das ideias que nos moldaram. E nos desafia a revisitar nossas concepções e a entender mais claramente suas origens e DNA. Qualquer que seja a nossa tribo. Aqui neste aspecto, tudo é universal, elitista, individualista sempre encaixa no conceito que sociedades se derivam adentro de um padrão de desconhecimento categórico e até inusitado e procuramos intender a vivência.
Antônio Scarcela Jorge.

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