terça-feira, 29 de outubro de 2019

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA 29 DE OUTUBRO DE 2019

COMENTÁRIO
­Scarcela Jorge
REMENDO E MAIS REMENDO

Nobres:
É na lei orçamentária que os interesses da sociedade devem ser harmonizados em busca do bem comum. Nela, são previstas as receitas e fixadas às despesas públicas, incluindo investimentos em áreas como educação e saúde. Por isso, não é exagero dizer que, após a Constituição, o orçamento é a principal lei de um país. Porém, se, na África do Sul do século XX, imperava o apartheid racial, no Brasil dos dias atuais, vivenciamos um verdadeiro apartheid orçamentário. A sociedade se subdivide em dois grandes grupos: de um lado, os que possuem poder de direcionar o orçamento; do outro, os que não detêm meios de influenciar a construção do orçamento. Em norma, o primeiro grupo é formado por setores sociais e empresariais com grande poder político e econômico, Possuem mecanismos de pressão para inserir no orçamento regras de interesse próprio, como isenções tributárias sem critérios, perdão de dívidas sem contrapartidas ou obras eleitoreiras (como foi o caso de muitos estádios da Copa). O segundo grupo é formado pela ampla maioria da população, principalmente os mais pobres. Submersos num cenário de crise econômica, mal conseguem controlar o orçamento da sua própria casa. Não possuem qualquer influência, por exemplo, sobre o destino dos royalties de petróleo no orçamento público. Estão predestinados a aguardar que o primeiro grupo defina para onde vão os recursos públicos e, é necessário adotar meios para a construção de um orçamento republicano. Arrecadar de quem tem mais e gastar com quem tem menos riqueza. Aumentar investimentos em áreas que beneficiam diretamente toda sociedade, como educação e saúde. Para isso, as leis orçamentárias, elaboradas ano a ano, pela União, estados e municípios, devem ser objeto de maiores debates perante a sociedade, entretanto é mania “empurrar” o orçamento, apressado e sem discussão, a esperteza é comum de acordo com as negociatas de parlamentares, para esse fim que “putrefaz” o cotidiano corrupto vivenciado e deliciado por eles. Como a hipocrisia é fator comum, a sociedade requer para dar efetividade a instrumentos como o Orçamento Participativo e as consultas públicas de verdade (também utilizar a inclusão digital). Só com ampla participação da sociedade na definição do orçamento é possível combater efetivamente as distorções intencionais deste segmento de corporativismo.
Antônio Scarcela Jorge.

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