sábado, 11 de maio de 2019

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SÁBADO 11 DE MAIO DE 2019


COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
PARTIDOS POLÍTICOS

Nobres
Adolesce há décadas no Brasil a ideia de que as agremiações partidárias seriam apenas estruturas burocráticas que representam interesses de minorias encasteladas nos aparelhos partidários. A dilatação dos direitos políticos resultou na integração de setores cada vez mais amplos da sociedade civil no sistema político. A emancipação e inclusão política das massas populares foram acompanhadas por transformações econômicas e sociais provocadas pela modernização das sociedades. Voltando as origens encontramos o acenado acontecimento histórico, surgem os partidos políticos de massa no século XX, cuja organização assume feição distinta. Já não se trata aqui de uma organização difusa e temporária, tal como os partidos elitistas, mas uma organização com programas políticos definidos e com ligação com setores mais amplos da sociedade, seria esse o principal objetivo. Em tese, os partidos de massa surgiram para canalizar as demandas políticas de um eleitorado organizado. Mas o que acontece é a inversão de valor político. O ideal dos caciques políticos cuja tribo é relevante, mas, no retrocede e ao mesmo tempo ‘programa’  os interesses dos políticos que  é bem mais intenso no Brasil de hoje com uma política apoiada em pessoas e não em partidos não faz bem a democracia brasileira, enfraquece a estrutura coletiva de representação a qual deveria estar representada nos partidos, em particular nos chamados partidos ideológicos, que também estão sendo preenchidos pela esperteza e embusteiros  e sobrepõe interesses de indivíduos a demandas coletivas. Como o país, se cognomina de “não tem jeito”, - isso não é verdade - está naturalmente sofrendo as mudanças em processo histórico e real, o nosso país precisa de partidos fortes, perenes, históricos, com ligação de massa e que efetivamente representem o povo brasileiro. No formato de hoje indivíduos se tornam mais importantes que ideias, se elegem por partidos frágeis, os chamados partidos de aluguel, e não se vinculam a um programa nem de governo nem de partido, algo perigoso para a democracia, visto que se dá um voto de confiança a uma pessoa e não a um agrupamento político que representa ideias para um país determinado. Foi assim com Collor em 1989, eleito por um partido criado para aquela disputa, o PRN, e que não possuía identidade alguma programática ou histórica e deu no que deu. Urge uma real reforma política que fortaleça a estrutura partidária entendendo a mesma como um espaço para a construção e representação de ideias de maneira organizada dos diversos setores da nossa sociedade, estes precisam de representação parlamentar para dar voz em nossa democracia. Os partidos de aluguel, extemporâneos, que não representam setores reais do Brasil, esses fragilizam o processo democrático, infelizmente se notabiliza a sensação que temos partidos em demasia, o que não ajuda o legislativo a enfrentar o real problema: a existência de siglas de negociatas, descoladas da luta do povo e da representação de segmentos sociais. Aí está uma das raízes que se estendem os interesses do corporativismo que emperra o Brasil.
Antônio Scarcela Jorge.

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