COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
PARTIDOS
POLÍTICOS
Nobres
Adolesce
há décadas no Brasil a ideia de que as agremiações partidárias seriam apenas
estruturas burocráticas que representam interesses de minorias encasteladas nos
aparelhos partidários. A dilatação dos direitos políticos resultou na
integração de setores cada vez mais amplos da sociedade civil no sistema
político. A emancipação e inclusão política das massas populares foram
acompanhadas por transformações econômicas e sociais provocadas pela
modernização das sociedades. Voltando as origens encontramos o acenado acontecimento
histórico, surgem os partidos políticos de massa no século XX, cuja organização
assume feição distinta. Já não se trata aqui de uma organização difusa e
temporária, tal como os partidos elitistas, mas uma organização com programas
políticos definidos e com ligação com setores mais amplos da sociedade, seria
esse o principal objetivo. Em tese, os partidos de massa surgiram para
canalizar as demandas políticas de um eleitorado organizado. Mas o que acontece
é a inversão de valor político. O ideal dos caciques políticos cuja tribo é
relevante, mas, no retrocede e ao mesmo tempo ‘programa’ os interesses dos políticos que é bem mais intenso no Brasil de hoje com uma
política apoiada em pessoas e não em partidos não faz bem a democracia
brasileira, enfraquece a estrutura coletiva de representação a qual deveria
estar representada nos partidos, em particular nos chamados partidos
ideológicos, que também estão sendo preenchidos pela esperteza e embusteiros e sobrepõe interesses de indivíduos a demandas
coletivas. Como o país, se cognomina de “não tem jeito”, - isso não é verdade -
está naturalmente sofrendo as mudanças em processo histórico e real, o nosso
país precisa de partidos fortes, perenes, históricos, com ligação de massa e
que efetivamente representem o povo brasileiro. No formato de hoje indivíduos
se tornam mais importantes que ideias, se elegem por partidos frágeis, os
chamados partidos de aluguel, e não se vinculam a um programa nem de governo
nem de partido, algo perigoso para a democracia, visto que se dá um voto de
confiança a uma pessoa e não a um agrupamento político que representa ideias
para um país determinado. Foi assim com Collor em 1989, eleito por um partido
criado para aquela disputa, o PRN, e que não possuía identidade alguma
programática ou histórica e deu no que deu. Urge uma real reforma política
que fortaleça a estrutura partidária entendendo a mesma como um espaço para a
construção e representação de ideias de maneira organizada dos diversos setores
da nossa sociedade, estes precisam de representação parlamentar para dar voz em
nossa democracia. Os partidos de aluguel, extemporâneos, que não representam
setores reais do Brasil, esses fragilizam o processo democrático, infelizmente
se notabiliza a sensação que temos partidos em demasia, o que não ajuda o
legislativo a enfrentar o real problema: a existência de siglas de negociatas,
descoladas da luta do povo e da representação de segmentos sociais. Aí está uma
das raízes que se estendem os interesses do corporativismo que emperra o
Brasil.
Antônio
Scarcela Jorge.
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