COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
POR AÇÃO INCISIVA DA JUSTIÇA
Nobres:
O
Brasil no momento, foi marcante sobre a sua instabilidade e tornou-se
surpreendente pela objetiva ação especialmente o judiciário, conseqüentemente
fortaleceu as instituições, cujas fragilidades sempre consistiram numa das
fraquezas de nossa democracia, é algo realmente a se comemorar. A condenação de
Lula passa aí a ser mais um sinal desse fortalecimento, junto com a prisão de
políticos importantes como Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Geddel Vieira, de
empresários importantes como Marcelo Odebrecht, Eike Batista, e Joesley
Batista, e altos executivos do setor público, como Aldemir Bendine (ex-BB e
ex-Petrobras) e Paulo Roberto Costa (Petrobras). Entretanto, não há dúvida que
Lula entrou na política como um idealista, que realmente queria mudar o Brasil.
Sendo presidente, trouxe para o centro dos debates nacionais preocupações
importantes, como a fome e a miséria. Desenvolveu políticas sociais fundamentais
para aliviar a pobreza no país, como reapresentou um programa que vinha sendo
atendido pelo governo anterior, aprimorou e “rebatizou” o Bolsa Família como
também, o Benefício de Prestação Continuada. Do mesmo modo soube valorizar a
educação como um todo, com programas importantes como o Fundo de
Desenvolvimento da Educação Básica, (Fundeb) e o Fies, além da expansão do
ensino superior público, como forte interiorização em termos de quantidade. Sua
condenação, infelizmente, deve enfraquecer essa preocupação social no país e atrasar
o nosso desenvolvimento. Sua gestão também teve várias falhas, como a não
promoção de várias reformas que o país precisava, sendo exemplos a tributária,
a política e a trabalhista, além da mudança fundamental no pacto federativo.
Também absorveu formas antigas de fazer política, perpetuando-as, como a
utilização exagerada do toma lá, dá cá no Congresso Nacional. Além disso,
falhou ao dar asas a algumas idéias anacrônicas do PT, como o estatismo
(valorização da burocracia e excesso de poder ao setor público) e o desprezo
pela meritocracia, enchendo de pessoas sem qualificação a estrutura decisória
da máquina pública, apenas por serem companheiros de partido. Para culminar
nesse erro, colocou a ex-presidente Dilma Rousseff à frente de nosso país, sendo
ela completamente despreparada, autoritária e arrogante. Tudo isso gerou uma
ineficiência do setor público que custou caro aos nossos compatriotas,
inclusive precipitando uma das maiores crises econômicas pela qual o país
passou na sua história. Além de sucumbir aos encantos financeiros da corrupção,
o ex-presidente também se contagiou com o personalismo típico de quem chega ao
poder. Passou a valorizar e dar poder aos bajuladores de plantão, que sempre
cercam os governantes. Seu excesso de simpatia com o ex-presidente José Sarney
é um exemplo disso, mas vale também para o excesso de poder permitido a Renan
Calheiros, Romero Jucá e Dilma Rousseff, por exemplo. Ou seja, a tristeza e
decepção com o presidente vão além de seus atos de corrupção, segundo constatou
o Judiciário. Ver a provável prisão de um ex-presidente da República que entrou
na política com o propósito idealista de mudar o país, tornando-o um Brasil de
todos, não só de uma aliança entre a elite e o alto escalão da burocracia
pública, não é algo que deveria alegrar ninguém. Deve ser lamentado por causa
da óbvia conclusão que mesmo outrora idealistas que poderiam mudar o Brasil
sucumbem aos encantos do dinheiro ou patrimônio fácil, sem a contrapartida do
devido esforço e competência produtiva, e vendem o Brasil da maioria aos
segmentos da elite que estão prontos a trocar os anseios individuais desses
inicialmente idealistas por recursos fáceis nas “tenebrosas transações” com os
governos. É lamentável perceber que alguns dos que nos “deram a idéia de uma
nova consciência e juventude, tá em casa (ou na prisão a qualquer momento),
guardado por Deus e contando vil metal,” como identificou Belchior em sua
música. É a esperança renovada no País.
Antônio Scarcela Jorge
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