quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA, 18 DE JANEIRO DE 2018

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
DE OLHO NOS
MARQUETEIROS
OU MARQUETEIROS
DE OLHO

Nobres:
Voltamos mais uma vez enfatizar algo que pouco chama atenção do eleitorado, mas é atenção prioritária para os “marqueteiros” nos pleitos eleitorais e de forma especial às eleições de 2018. O atual modelo de propaganda não é ruim apenas porque distorce e desinforma. Tem também outras conseqüências. Não menos deletérias. Em primeiro lugar, seus custos são um poderoso indutor da corrupção. As candidaturas majoritárias são pressionadas a arrecadar a fim de pagar as contas gordas dos marqueteiros. O mercado de compra de apoio partidário gira em torno do tempo de TV e rádio. Mas também de recursos para produzir os programas eleitorais. Tudo isso alimentando a corrupção, muitas vezes a partir da ocupação de cargos com poder de induzir fornecedores a contribuir com as campanhas. Em segundo lugar, esse modelo dos marqueteiros predominando nas campanhas inibe a formulação de políticas alternativas e de soluções criativas. Favorece a reprodução cômoda do senso-comum. Diminui o potencial transformador da política. As soluções para os problemas nacionais deixam de ser apresentadas pelas forças vivas da sociedade e pelos estudiosos. Muitas das propostas dos guias eleitorais não passam de fórmulas vazias e superficiais criadas por marqueteiros. Que, não raro, carecem de conexão real com a sociedade, para não falar de preparo intelectual. Por isso são tão facilmente exportáveis para outros estados, regiões e até países. Aliás, a exportação do ‘marketing’ político brasileiro tem contribuído para manchar a imagem do Brasil no mundo. O envolvimento de grandes construtoras brasileiras com a corrupção em países da América Latina e África comumente foi de par com empresas brasileiras de ‘marketing’. Não obstante, o foco das investigações tem se concentrado em políticos e empresários, sendo poupados alguns marqueteiros notórios. Surpreende  essa desatenção com um dos setores das campanhas por onde os recursos ilícitos mais transitam o que pode continuar a alimentar o fenômeno na campanha eleitoral que se avizinha. Talvez isso explique o sorriso irônico da mulher do marqueteiro quando foi submetida a uma brevíssima passagem pelas prisões da Lava-Jato. Com tanto poder, imaginava que logo-logo estaria livre para usufruir dos milhões desviados para suas contas no exterior. Pode-se pensar outro modelo de propaganda eleitoral. Que preserve a autenticidade para servir de contraponto às ‘Fake News’. Ao invés das superproduções, o horário poderia ser ocupado pelos candidatos pessoalmente, em estúdios. Que apresentem sua história, valores, idéias e compromissos. Sem os disfarces e fantasias produzidos pelos marqueteiros, o guia eleitoral poderia, aí sim, ajudar as escolhas dos eleitores.
Antônio Scarcela Jorge.

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