terça-feira, 27 de julho de 2021

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2021 (POSTADO ÀS 12:30 H)

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
REMINISCÊNCIA NO
PERÍODO DE ELEIÇÕES
 
Nobres:
Estão cravados nas leituras históricas, obviamente não tínhamos nascido. Costumo rememorar vez em quando fatos antecedentes aos acontecimentos e desta vez pauto e conto fatos da política em todo seu elemento. Em foco no momento a Justiça Eleitoral que surgiu em 1932 que se evidencia o polêmico do voto impresso, excessos de resoluções acontecimento proclamarem poucos minutos antes da abertura das urnas no dia da eleição. É velha esta história, pois bem, a televisão mal chegara ao país na década de 1950 e não estava disponível a todos os lares. As campanhas políticas mais sofisticadas aconteciam através dos jornais, rádios, cinemas e em discos que tocavam na vitrola da classe média. Campanha, mesmo para o povão, acontecia nos comícios de rua, em cima dos palanques instalados nas praças dos bairros ou no centro em qualquer cidade, do menor núcleo urbano ao maior, o vício sempre foi assim.  A liturgia do comício, em regra, começava no dia anterior. Um caminhão descarregava os insumos: madeiras, estacas, lâmpadas, cordas, o precário sistema de som e fios que eram estendidos em torno da praça, ligados por um “gato” na rede elétrica para a reprodução do som do microfone nos alto-falantes.  Enquanto isso, um carro de som circulava nos arredores e tratava de convidar os moradores das redondezas para o grande evento da noite, azucrinando os ouvidos mais sensíveis. Se o comício fosse ao centro da cidade, programava-se o início em torno do pôr-do-sol para apanhar o distinto público que saía do trabalho. Nos bairros, o falatório começava mais tarde, ocupando o horário depois do jantar, num tempo em que somente havia novelas no rádio. Um locutor contratado pelo candidato tratava de empolgar a massa. (Eu mesmo participei em palanques comandando oradores em sua maioria candidatos nas eleições de então). Os locutores, animadores de espécie praticava crime hediondo contra o vernáculo, mas se fosse radialista de uma cultura excelente o sucesso do palanque estava garantido: era uma oportunidade de a população humilde ver os ídolos políticos em carne e osso. O palanque aquecia com os discursos dos candidatos menos ilustres. Enquanto isso distribuía as chapinhas com os ouvintes, papéis recortados com foto e mensagens dos postulantes às eleições. Os candidatos pagavam às pessoas do local para tal serviço.  Tudo deveria se encaminhar para o instante do discurso final, uma apoteose com a fala de um candidato a deputado, senador, prefeito, e governador, aconteceram aqui em Nova-Russas. Era, porém, no interior desse vasto país do século passado que a mobilização para os comícios sofria temperamentos, para usar uma expressão diferente de censura. O efeito do caciquismo político era mais forte no período das campanhas políticas. Chefe que permitisse a influência no seu terreiro de adversários, notadamente opositores do executivo, estava destinado a uma concordata política, quase falência moral. Nas minhas andanças, conheci líderes interioranos de mentalidade arejada, verdadeiros empreendedores no meio rural capazes de serem tolerantes com a liberdade dos opositores. Em plena democracia e de regime de exceção, como o regime militar e a ditadura Vargas tudo foi igual em termos de palanque. Iguais em tudo, na pandemia, sempre na safadeza dos políticos politiqueiros, na marginalidade das excelências, sempre sucessivamente retórico.
Antônio Scarcela Jorge.
 

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