COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
CONVIVÊNCIA COM O BRASIL REALIDADE
Nobres:
O
Brasil não conhece ou não aceita muito bem o Brasil. Estão tratando o
presidente Bolsonaro e a família dele como se fossem extraterrestres. Ele
apenas foi eleito para quatro anos na cadeira do Palácio do Planalto conforme
determina a Constituição. O fenômeno Bolsonaro saiu literalmente dos ombros da
nação. Ele fez do combate à corrupção e aos gastos supérfluos a sua principal
mensagem. Ninguém espere um gesto refinado do presidente. Ele é a cara do
brasileiro comum que anda de ônibus e molha os pés nas ruas encharcadas dos
invernos em galerias entupidas. Cometerá erros e provavelmente acertos. Não
fugirá do figurino constitucional porque o Brasil aprendeu lições e descobriu o
caminho das ruas quando se faz necessária a defesa da democracia e da
República. Dá a impressão que os críticos do eleito da vez nunca tiveram a
oportunidade de frequentar e ouvir o que diz o Brasil nas paradas de ônibus,
nas estações de metrô, nos botecos da periferia, nas peladas de futebol, nas
padarias e nos açougues. Bolsonaro não é Lula. Nem é FHC. E foi em pleno uso
desse modal de transporte que Bolsonaro provou o gosto amargo da insegurança
pública, esfaqueado sem que o transportador nada pudesse fazer pelo seu
passageiro. Ganhou a eleição. Bolsonaro é a periferia que chega ao poder sem as
bênçãos da elite intelectual e sem o aceno dos jardins paulistanos. Tanto
quanto o cara despretensioso que espera um ônibus mastigando chicletes num
terminal de integração suburbano, Bolsonaro jamais passará pela calçada da
Academia Brasileira de Letras. Ele recebe o vice-presidente americano para um
café da manhã tendo como “pinces de resistência” uns Iogurtes Danone, um litro
de Fanta laranja, uma garrafa térmica e uns salgadinhos da padaria mais
próxima. O PT de Lula certamente faria algo mais refinado, todos esses
requintes estes encontros foi regado às negociatas cujo tema era fortalecer a
corrupção e o roubo, padrão natural dessa gente. Bolsonaro ostenta no estilo
próprio, bem longe de sofisticações, é a cultura da caserna e da ordem unida que
povoa a cabeça do presidente. Ele fez do combate à corrupção e aos gastos
supérfluos a sua principal mensagem. Ninguém espere um gesto refinado do
presidente. Ele é a cara do brasileiro comum que anda de ônibus e molha os pés
nas ruas encharcadas dos invernos em galerias entupidas. Cometerá erros e
provavelmente acertos. Não fugirá do figurino constitucional porque o Brasil do
fórceps aprendeu lições e descobriu o caminho das ruas quando se faz necessária
a defesa da democracia e da República. O lulismo é uma lição absolutamente
importante para despertá-lo do juízo crítico do povo brasileiro. Lula é um cara
astuto que soube costurar o apoio da intelectualidade brasileira e europeia dos
anos 70 para chegar ao poder posando de metalúrgico que “nunca leu um livro”. A
linguagem de Lula e as translações por ele usadas em recados eleitorais tinham
o endereço certo para uma nação de maioria pobre, carente e analfabeta em
grande escala. Afinal, é lá que está o voto. A intelectualidade se incorporou a
esse projeto e até aprovou os erros, certamente propositais, de concordância
gramatical com que Lula agredia o vernáculo, mas agradava à massa abandonada
pela utópica tese da escola pública eficiente como fala para o povo da mídia, o
apresentador da Rede Globo Luciano Huck, cujo programa musical se disfarça e se
envereda contra Bolsonaro, até tentando sensibilizar o intempestivo Ciro Gomes,
enganado quanta tantas vezes que for necessário. Espertos e condutores da mídia
oficiosa ajuntada aos escritores, artistas, poetas e seresteiros aderiram ao
novo momento indiscutivelmente necessário ao amadurecimento e aprendizado da
democracia até hoje inédita em certos aspectos no Brasil. E, no melhor estilo
de uma elite que o apoia e que o transformou numa ideia, “o companheiro” (que
Deus no defenda) presidente não fez por menos; deixou marcas importantes, mas
legou uma nação esmagada pelas consequências de imprevidências, maus feitos e
equívocos estarrecedores. O lulismo é uma lição absolutamente importante para despertá-lo
do juízo crítico do povo brasileiro. O processo histórico sempre foi este
teremos que conceituar. Também neste aspecto, o Plano Real é, até agora, um
sintoma muito positivo para a nação atrasada em relação aos irmãos abastados e luminosos
e da mesma idade, que nasceram no hemisfério norte das Américas.
Antônio Scarcela Jorge.
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