COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
ABALO
DAS GERAÇÕES
Nobres:
Na atualidade, a juventude tem sido o foco central das atenções. Os
debates sobre o tema são frequentes nos mais diversos âmbitos da vida social. Nos
discursos de intelectuais, cientistas, políticos, jornalistas, educadores,
familiares ou estudantes, estão presentes as representações sobre as novas
gerações. Estas oscilam entre dois polos de idealizações, sendo ora qualificada
como o segmento social fonte de problemas, ora como o construtor do admirável
mundo novo. Consolidada como temática central
para a compreensão dos dilemas que assolam a humanidade nesse novo milênio, as
discussões padecem de um problema crucial, qual seja, a obsessão pela busca de
uma definição ideal de juventude. Tal operação intelectual tem gerado um
arcabouço inegável de conhecimento sobre o tema, mas, por outro, é também a
fonte de certo obscurantismo que obstrui nossa vivência cotidiana: ao focarmos
nossa atenção no plano da categoria social, não nos tornaríamos menos
competentes para compreender o sujeito o jovem decorre
disso, provoca um dos maiores dilemas que assolam a contemporaneidade: apesar
do aumento inegável de conhecimento sobre o tema, temos a sensação generalizada
de que nos tornamos menos capazes de lidar com os jovens. Isso em razão da
carga de idealizações que são projetadas sobre um sujeito no momento em que o mesmo
é categorizado como jovem o mesmo vale para outras categorias sociais
relacionadas às idades da vida. No presente momento, parece que a
própria juventude nos apresenta seu horizonte de expectativas: ver reconhecido,
definitivamente, seu protagonismo em todas as instâncias da vida social. Mais
que isso: no campo político, a ação coletiva direta de reivindicação, seja
contando com novas formas de intermediação das instituições tradicionais, ou
ainda, prescindindo de tal mediação foi convertida em caráter operacional
básico por segmentos mais amplos das novas gerações. Em nossa inteligência, contudo, tal narrativa não dá conta de toda a
realidade. Isso porque há um consenso social em prol da juventude, pois, apesar
da tendência de se considerar a juventude como a época da rebeldia, da revolta
social e da indignação representações frequente, nada disso deveria garantir a
tal segmento social privilégio no que tange às responsabilidades na construção
do bem comum. Em resumo, a responsabilização
perante o bem comum compete a todos, respeitadas, naturalmente, as
especificidades de maturidade, capital social, dentre outras variáveis. As
instituições sociais não podem perder do horizonte a ideia central de que cada
qual terá uma contribuição para a construção do bem comum. E mais importante,
no plano individual, cada jovem terá um grau de responsabilização perante sua
comunidade.
Antônio Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário