domingo, 20 de janeiro de 2019

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - DOMINGO, 20 DE JANEIRO DE 2019

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge

 DESCENTRALIZAR DISSOLUÇÕES

Nobres:
Promover a descentralização da União em termos de recursos parece ser uma das indicadas mais obstinadamente apresentadas pelo Ministro da Economia Paulo Guedes. Constitui transferir recursos do governo federal para os governos estaduais e municipais. A ideia é que os municípios têm mais conhecimento das demandas da população, pela proximidade e, por isso, são mais capazes de promovê-los. Os economistas adicionam a esse atributo o fato de que a população, estando mais próxima dos centros de decisão, pressiona mais pela eficiente alocação dos recursos públicos. Entretanto existem mais problemas envolvidos nessa política. A descentralização de recursos pode ser de dois tipos. No primeiro, apenas coloca-se a aplicação efetiva dos recursos nos municípios, enquanto o formato dos programas que o utilizam seria ainda definido pelo governo central. Além disso, a fiscalização e controle deles seriam realizados pelo governo central. No outro tipo de descentralização não há padronização nos programas. Os recursos são descentralizados e os municípios os aplicariam dentro de suas prioridades. Essa seria a mais radical descentralização dos recursos. Teoricamente, esse último tipo dá mais liberdade para que a população realmente escolha as suas prioridades, o que poderia assegurar a melhor aplicação dos recursos públicos. Essas abordagens, contudo, desprezam um elemento fundamental que existe em todas as sociedades: os custos elevados de informação. Em municípios muito pobres do país, como os que temos aqui no Ceará e em todo nordeste, as pessoas não ocupam seu tempo levantando informações sobre políticas públicas. Consequentemente, os recursos ficam livres para a aplicação pelos gestores municipais. Esse excesso de liberdade para os aplicarem de acordo com suas preferências com certeza gerariam distorções, já que as preferências dos gestores não necessariamente refletem a dos eleitores locais. Esse é um típico problema de risco moral, tão tratado na literatura econômica de agente principal. Além disso, a fiscalização da aplicação dos recursos seria muito baixo, dada o pouco empenho da população na fiscalização. Por isso, esse excesso de liberdade provavelmente pela cultura escusa em sua maioria poderá levará apenas a mais corrupção. Os programas pré-definidos, por sua vez, têm o inconveniente de serem menos eficazes na promoção do bem-estar da população. Esses programas muitas vezes têm estruturas inadequadas para vários municípios, gerando muita ineficiência nas suas aplicações efetivas nas diversas localidades. Quando chegam para os diversos municípios, há uma clara rebeldia em relação à rigidez do governo federal, ora “desviar” estes programas por laboratórios enraizados no lobbyismo, um apêndice que estava infectando desde os protocolos ministeriais terá que acabar e os ladrões do erário deverão ser punidos. No entanto com nova luz que o governo se destina, se concebidos com bom senso, esse problema se reduz e por fim se acaba. Seria de bom alvitre conceder a escolha dos programas seria oferecido pelas prioridades dos municípios. Assim o controle e auditoria dos diversos programas seriam realizados pelos mecanismos nacionais, que são mais efetivos. Consistir a possibilidade de alocar os recursos pelas prioridades dos municípios, mas com as estruturas de gestão, controle e auditoria definidas pelos gestores nacionais e sim assim seria uma árdua aplicação exigindo responsabilidade por partes dos gestores municipais que estão literalmente “acostumados” com os atuais mecanismos voltados para os municípios que até agora que desencadeiam em sua maioria para prática escusa.
Antônio Scarcela Jorge.

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