domingo, 26 de agosto de 2018

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2018

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
VISÃO UTÓPICA
E ENGANADORA

Nobres:
Max entre outros implantou o socialismo a partir da utopia aberrante e desenvolveu-se o ideal a “passos frouxos”. Quanto mais à produção se concentrar nas mãos do governo, mais próximo se estará do socialismo. Essa extensão, obviamente, é ingênua, pois é possível ter um governo grande, mas a serviço de poucos, como, aliás, ocorria na época do absolutismo em alguns países europeus e ocorre no Brasil atualmente. Marx, Engels e Lenin não eram idiotas e sabiam disso. Por isso, nunca defenderam o socialismo a conta-gotas. Entretanto, como suporte a este último, desenvolveu-se a hipótese de que os governos seriam instrumentos eficazes de promoção da justiça social, pois não visam lucro e por tal podem praticar preços mais justos pelos bens e serviços que produzem inclusive pagando melhores salários aos trabalhadores. Segundo essa visão, a distribuição de renda melhora quando a produção é mais concentrada nas mãos dos governos. Análises estatísticas com dados para países mostram que de fato o aumento da participação do governo no PIB tende a estar negativamente correlacionado com o coeficiente indicador de concentração de renda. Mas essa correlação é difusa e fraca, além de não implicar necessariamente em qualquer causalidade. Tal dispersão decorre dos muitos possíveis determinantes da alta participação dos governos na economia e suas diferentes consequências para a distribuição de renda. Se o fundamento para tal for o crescimento da burocracia regulatória e os salários pagos a servidores públicos, além de poder propiciar mais oportunidades para a corrupção, certamente o impacto tende a ser concentrador de renda, como ocorre no Brasil atualmente. Mas se a razão do tamanho do governo for o alto e eficiente gasto em educação, saúde e políticas sociais compensatórias, o impacto deve gerar melhor distribuição de renda. Esses possíveis efeitos contraditórios do crescimento dos gastos públicos são responsáveis pela fragilidade e alta dispersão da correlação acima citada.  Além disso, vale salientar que o impacto da participação do governo no crescimento econômico é claramente negativo estatisticamente (utilizando-se dados longitudinais para países). Isso se deve ao fato de que os governos tendem a ser mais ineficientes. Por isso, concentração de recursos em suas mãos gera menos crescimento econômico. Ou seja, a simples defesa do crescimento do tamanho do governo não necessariamente é uma política de esquerda. Para ser de esquerda as políticas devem aumentar a igualdade de renda, mas também elevar o ritmo de desenvolvimento das forças produtivas (mais crescimento) e promover a democracia. Essa última, por sua vez, muitas vezes é violentada com aumentos de governos porque eles se tornam mais poderosos e autoritários, algo muito comum de acontecer. Ou seja, a fórmula do socialismo a conta-gotas é extremamente perigosa. Por isso, o eleitor não deve cair no fetiche de associar propostas de governo que defendam políticas estatizantes com postura de esquerda. Às vezes tais propostas encobrem uma ideologia de direita, mesmo que algumas vezes travestida de esquerda. Vide o caso de Dilma, pois ela concentrou renda e arrebentou o crescimento, apresentando-se como de esquerda. Em nossa concepção foi uma contradição.
Antônio Scarcela Jorge.

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