sexta-feira, 5 de novembro de 2021

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 5 DE NOVEMBRO DE 2021 (POSTADO ÀS 8h00)

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
A REALIDADE DA SAÚDE
 
Nobres:
As estatísticas são relevantes e reais no mundo, são cerca de 1 bilhão de pessoas acometidas por doenças tropicais negligenciadas nas quais estão ligadas as populações menos favorecidas econômicas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são antigas doenças da pobreza que atingem regiões tropicais e subtropicais entre a população mais vulnerável. Essas doenças são responsáveis por 500 mil mortes por ano atingindo os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, onde as precárias condições sanitárias, falta de planejamento urbano e pobreza faz com que haja uma prevalência e incidência das doenças negligenciadas. Com o advento da Covid-19, houve um declínio significativo das notificações de novos casos em razão do isolamento, bem como a descontinuidade efetiva das ações de programas de saúde pública voltados a essas doenças. De acordo com a OMS, são registradas mais de 12 doenças tropicais negligenciadas  no Brasil. As regiões Norte e Nordeste, mais desprovidas de saneamento básico no país, apresentam os maiores índices de doenças negligenciadas, seguidos pela região Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Considera-se doenças tropicais negligenciadas a tuberculose, hanseníase, dengue, esquistossomose, leishmaniose, tracoma, raiva, doença de chagas, entre outras. O cenário da pandemia impactou negativamente a assistência à saúde em prestar atendimento eficaz para tratamento e diagnóstico, visto que grande parte do orçamento e profissionais de saúde migrou para ações de combate a Covid- 19, fragmentando assim o sistema de saúde especialmente em países pobres. Os indicadores dessas doenças apresentam um quadro mais preocupante pós-pandemia em que o retrocesso das ações, programas e pesquisa é inevitável. Anos de pesquisa, ações efetivas no controle e transmissão dessas doenças estão em risco eminente de serem perdidos ou sofrerem prejuízos imensuráveis. Registro em todo o país de falta de acesso do usuário a assistência a saúde, interrupção do tratamento, a falta de medicamentos  permeiam esse período de pandemia e pós-pandemia. Um verdadeiro descaso com o ser humano principalmente, o vulnerável.  É essencial priorizar as doenças negligenciadas em políticas públicas, garantir estratégias concretas nos planos estaduais e municipais de enfrentamento dessas doenças, utilizar critérios na avaliação e identificação de famílias em situação de vulnerabilidade econômica nas quais são acometidas por essas doenças, integrar de forma coesa o poder público atuante na causa, melhorar infraestrutura, diagnóstico, monitoramento dos pacientes, possuir uma vigilância de qualidade e ativa. Fechar os olhos para essas doenças potencializa o erro da estratégia de política à saúde.
Antônio Scarcela Jorge.

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