COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
O PAÍS E A POPULAÇÃO VELHA
Nobres:
Há poucos anos, o envelhecimento da população era uma onda prestes a
chegar, mas ainda invisível para distinguir organizações e para a sociedade em
geral. As mulheres maduras, por exemplo, já representam 13,7% da população,
ultrapassando os vinte e nove milhões de pessoas o equivalente a quase três
vezes a população de Portugal. Mas nós não estamos envelhecendo como
antigamente. Na busca por novos paradigmas do que é envelhecer, as mulheres
maduras também têm buscado novos lugares da sociedade. E aqueles que ocupamos
até hoje, estão sendo resinificados. Mas, se as mulheres maduras já representam
um volume tão grande da população, onde estão afinal? Os idosos não estão na
publicidade, menos ainda as mulheres, onde sempre representadas por jovens com
beleza esfuziante, um modelo de décadas. Mas o chamado público é responsável
por cinquenta por cento do consumo global. Essa miopia do mercado torna
invisível o potencial de consumo do mercado maduro. Só no Brasil, a população mais
velha gera uma receita de hum trilhão e seiscentos milhões de reais (R$ 1,6 trilhões) por ano. Mas, enquanto
todos os olhares se voltam para as marcas não se dão conta de que o Brasil já
tem mais avós do que netos (e nós nos enquadramos neles.) A distorção é
gigante. Noventa e dois por cento das mulheres entrevistadas em pesquisa não se
sentem representadas no campo da publicidade, por exemplo. Nesta área mesmo
quando existem modelos maduras em campanhas femininas, elas estão representadas
por velhos estereótipos que ainda as colocam de cabelos em coque e xale. O que
é sentido na comunicação, também está refletido nas prateleiras. Mais de
quarenta por cento das mulheres maduras reclamam da falta de produtos e
serviços para suas necessidades. É um mercado que merece muita atenção, além
das casas geriátricas, cada vez em maior número. São as estatísticas por reais
estas sim, não envelhecem nunca!
Antônio Scarcela Jorge.
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