sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA 10 DE JANEIRO DE 2020


COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
POLARIZAÇÃO IDEOLÓGICA

Nobres:
De início ressaltamos que não somos partidários da polarização ideológica que sempre trouxe danos a humanidade consequentemente aliou "loucos" que contraditoriamente "o povão" uma massa que serve de manobra política sempre santificou estas pragas de gente em função do populismo que esta espécie de humanidade em todos núcleos habitacionais povoados pelos entes em comum. Renegadamente com o percorrer dos anos, a polarização ideológica vai se esmaecendo até quase desapareceu nos anos oitenta, sob a égide do neoliberalismo. E eis que “vaza” nos últimos anos com força total, principalmente na América Latina esse pobre continente nunca liberto de seus líderes populistas e redentores. A exatidão, os termos de “direita” e “esquerda” foram cunhados na Revolução Francesa, quando girondinos e jacobinos tomavam assento “à droite et à gauche” na Assembleia Nacional. Mas foi somente em meados do século 19 que adquiriram consistência científica, sobretudo a partir das teses de Marx e Engels. Infelizmente, decorridos cem anos da publicação de O Capital, o que era uma cisão ideológica transformou-se em uma cisão geográfica intercontinental, com os países lutando entre si e se digladiando internamente. O resultado nefasto foi de cento e cinquenta milhões de mortos. E hoje? Terminada a Guerra Fria, desfeita a União Soviética, derrubado o Muro de Berlim e emersa a questão ambiental, o que teria restado da velha dicotomia direita-esquerda? Uma simples dissonância quanto ao tamanho do Estado? Equilíbrio orçamentário, regras trabalhistas, alíquotas de tributação? Privatizações ou mais servidores públicos? Divergências quanto à ênfase na produção ou no consumo? Igualdade como ponto de partida ou como ponto de chegada? Não restam dúvidas de que anda difícil se conceituar direita e esquerda em nossos dias. O receituário das doenças sociais perdeu sua abrangência e abandonou as certezas de outrora. Em cada território, em cada grupo social, em cada momento do desenvolvimento, as propostas podem se alternar sobre determinadas circunstâncias, é recomendável um maior intervencionismo. Políticas que ampliem o alcance de oportunidades, por exemplo, em educação fundamental e ensino técnico algo bastante diferente das práticas assistencialistas que vogam há décadas no Brasil. Apesar da dificuldade conceitual, forma-se autênticos esquadrões de lado a lado, espaços para provocações que cindem a população e afastam os oponentes. Coxinhas e mortadelas e esquerda caviar. Em plena modernidade líquida, as armadilhas conceituais proliferam na mídia e nas redes, erguendo cartilhas e patrulhamento. Se for da esquerda principalmente, o estereótipo contrário: exibir cabeleiras exóticas, andar de sandálias, cursar humanas e achar que Lula é inocente. Um maniqueísmo que oblitera a inteligência e amordaça o espírito como aqui tem gente dessa espécie humana. Essas correntes de direita e de esquerda sejam o que forem também divergem quanto ao método para conseguir a almejada justiça. Uma parece optar pela transição evolutiva, gradual, por meio da poupança e do investimento. Entende que o liberalismo econômico gera empregos e aumenta o bem-estar. Crescer para depois dividir. A outra, por sua vez, deseja transformações imediatas, valendo-se da redistribuição de curto prazo, onde ela esqueceu quando era governista é o reino da enganação, da mentira como forma bíblica de se instar, ainda defende uma velha retórica secular sem imaginação e sem mutação para uma maior taxação sobre a produção e a propriedade, apostando na tutela do Estado sobre o cidadão. Dividir para depois crescer. A grande falha da direita contemporânea é centrar seu discurso na economia e nos mecanismos de mercado, permitindo que a esquerda se aproprie de toda uma agenda moral positiva, abarcando inclusão, direitos humanos, igualdade de gênero, proteção ambiental, diversidade sexual e respeito às minorias. Por mais paradoxal que seja, políticas baseadas no ideal romântico do ser humano costumam acarretar resultados decepcionantes. A História mostra ser mais prudente apostar na natureza primitiva do homem e, desse modo, extrair-lhe o melhor em proveito de todos, inclusive a sua capacidade de ser solidário.
Antônio Scarcela Jorge.

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