COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
RETÓRICA
EM ESPÉCIE
Nobres:
Neste país cartorial, de períodos em tempos, reconstroem-se as promessas
divinas da esperança as quais são feitas por aqueles que medem gestos, palavras
e expressões, deixando a máscara devorarem o rosto. Com efeito, o eco das
promessas referidas alhures continua ressonando com um som impecável, por meio
de vozes autoproclamadas éticas, emanadas de todos os matizes e direções. Em um
coro padronizado, essas vozes, cujos donos estão em um nível delinquencial
uniforme, transformam-se em histriônica vociferação contra os que se deixaram
flagrar cometendo pequenos ou grandes delitos, em meio ao enaltecimento dos
princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência, o que remete ao oportunismo que inúmeras vezes pautamos
a disputa entre a “Banda de Música” da UDN (União Democrática Nacional),
especializada em denúncias de corrupção, o que denominavam de “caça aos
escândalos”, e o populismo varguista nas décadas de 1950 e 1960, por meio da
aliança governista PSD-PTB, que sucumbiu a uma pequena trégua visando apenas
interesses pessoais, a qual patrocinou o acordo interpartidário UDN-PSD-PR, que
favoreceu o retorno de Vargas em 1950. O ponto em questão lembra a Carta Magna
com um só dispositivo, sugerida por Capistrano de Abreu: - “Todo brasileiro
está obrigado a ter vergonha na cara”. Se essa Lei Maior estivesse vigendo e
sendo cumprida, seriam raros os velhacos do serviço público, os magistrados
venais, os empresários bem-sucedidos, que enriquecem cometendo os mais diversos
atos ilícitos em cabala com agentes públicos e empresas estatais ineficientes.
Enfim, os brasileiros íntegros do Brasil real viveriam mais perfeitos,
entretanto a safadagem imperativa de criminosos no poder de mando em todas as
esferas dos três poderes da República brasileira, cujas faces fazem questão de
aparecer como senhores excelentes corruptos e essencialmente marginais.
Antônio Scarcela Jorge.
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