COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
UM PROCESSO SOBEJADO
Nobres
Reconhecer os méritos das pessoas é outra estima. No entanto, conheci
vários homens inclusive um senhor de formação acadêmica possuidor notável saber
econômico e financeiro da área, mas, que contraditoriamente “beijava aos pés”
dos gestores que servia inclusive algum de poucas letras que era um dos
idolatrados. Ao que se percebe a
onipresença não é apenas um privilégio de Deus. Aquele sujeito dócil, prenhe de
obsequiosidade, contumaz apertador de mãos e tapinhas nas costas e habilidoso
na arte da fofoca, também está em todo lugar e a qualquer hora. É o puxa – saco
essa figura pegajosa e mesquinha também atende pelo nome de babão, lambeteiro, adula-o,
baba-ovo e corta-jaca, entre outros adjetivos. Está sempre perto daqueles
que têm alguma coisa a oferecer, seja comodidade, dinheiro ou poder, Não mede
esforços para conseguir seus objetivos, mesmo em detrimento do direito ou
interesses legítimos de outrem. Para tanto é matreiro e persistente, e na sua
artimanha utiliza até pessoas próximas como esposa e filhos. Existe o bajulador
inocente, aquele que não é matreiro, que se contenta apenas por estar próxima
de alguém influente ou de destaque, para participar de rega-bofes e ver sua
foto estampada na coluna social. Por outro lado, o sabujo corrosivo não tem
amigos verdadeiros, não perde uma oportunidade de criar e disseminar uma
fofoca, buscando tão somente tirar proveito. E para tanto telefona, indaga e se
preocupa com a saúde da pessoa bajulada, agenda festinha e presta homenagens e,
sobretudo, presenteia, gastando parte do seu salário. Aquele que não pactua com
o método do babão, fica pouco à vontade em sua presença. É comedido nas
palavras temendo ser injuriado. É comum ser motivo de chalaça. Mas para ele
pouco importa o que vale é conseguir o que almeja. Para tanto conta com o apoio
inconsciente e involuntário da pessoa agraciada com seu afago fajuto. A
bajulação é peculiaridade do ser humano e busca superar, no mais das vezes, a
competitividade e a incompetência. Para se conseguir um simples convite
de um evento festivo até um emprego e uma promoção na carreira profissional,
utiliza-se a babada. É um método aparentemente fácil, mas que exige tremenda
cara de pau e cinismo. Preocupante, contudo, é a forma inebriante com que
a bajulação atinge os detentores do poder, massageando seus egos e deixando-os
inertes à vontade do bajulador, que por fim, objetivo almejado, sai vitorioso
ostentando um sorriso num rosto sem-vergonha. Nesta “paróquia” tem muitos.
Antônio
Scarcela Jorge.
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