COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
DEVOÇÃO
ETERNAL
Nobres:
Tem gente que se aproxima da religião com o fim de se projetar e
objetivar seus objetivos mesmo que seja de hipocrisia. Isto é aqui e alhures,
seja em qualquer tempo. Na teoria quem conhece um pouco sobre a história
universal, seja essa passada ou presente, concordará que a presença da religião
nas suas múltiplas simbologias sempre foi algo inevitável, independentemente da
etnia, da língua ou da cultura. Todos os que nascem também morrem. Para isso,
são necessárias algumas indagações relacionadas à vida e à morte. Por exemplo:
Por que nasci? Por que estou aqui? E para onde irei quando morrer? Isso
sem falar da necessidade inerente diante da perda de um ente querido, ou até
mesmo de uma situação em que as supostas forças que tínhamos não foram
suficientes em alguns momentos para nos proteger, nem para nos socorrer. Eis
que entra em cena o poder do mundo transcendental. Na realidade, houve tempos
em que o mundo foi regido pelo poder do discurso religioso. Como paradigma,
podemos lembrar o período medieval, quando tentaram enfraquecer o poder desse
discurso, isso não funcionou por muito tempo. Ora, podemos pegar o nosso
próprio momento e lembrar que, na maioria das vezes, a plataforma do discurso
religioso de um candidato a um cargo político é o que determina o seu
resultado. Para quem tem dúvidas disso, lembrará que, em todas as eleições
presidenciais, sempre assuntos relacionados a uma ética religiosa voltam à tona
nos debates. As perguntas são sempre (ré) feitas e repetidas. Assuntos
relacionados ao aborto, família, sexualidade etc costumam fazer parte do evento
eleitoral. Todas as perguntas relacionadas a essa temática, quase que sem
exceção, estão envoltas em princípios religiosos. Houve situação em que um
candidato, no desespero da corrida eleitoral, tentando enfraquecer o seu
oponente, afirmou que ele era ateu, diante de um eleitorado predominantemente
cristão, foi um golpe sem precedente. Com isso, ratifica-se o poder do discurso
religioso. A religião, que durante anos esteve distante dos meios acadêmicos, é
o argumento da incompatibilidade entre ciência e fé.
Antônio Scarcela Jorge.
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