quarta-feira, 24 de abril de 2019

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUARTA-FEIRA 24 DE ABRIL DE 2019

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
O ANORMAL VOLTOU NORMAL

Nobres:
A cúpula dirigente do país resolveu engajar-se em algumas conversações, talvez com o propósito de nos fazer relembrar que, diferentemente da semana anterior, eles não são soberanamente perfeito. Um ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, resolveu impor censura à imprensa, protagonizando um dos maiores crimes contra a democracia no país, desde o regime militar. Além disso, ele e Dias Toffoli, o amigo de Lula, insistiram que o Supremo conduza inquéritos, algo fora de sua área de atuação, tanto legal como principalmente moral. A Câmara dos Deputados, por sua vez, resolveu inverter a pauta na CCJ e pôs a votação sobre as emendas impositivas à frente da reforma da Previdência. Mostrou com isso à nação que seus membros põem seus interesses à frente dos do país e que vão forçar o Executivo federal a conversar com eles dentro de suas práticas nem sempre republicanas. É uma esculhambação onde a desordem e a palhaçada impera entre os maiores figurões da República. De certo modo enseja a credibilidade das instituições se forma quando há um acordo entre os diversos segmentos de quais regras devem definir a estrutura institucional e como elas devem evoluir ao longo do tempo. Quando as incertezas quanto às regras institucionais futuras aumentam, todas as decisões cujos resultados são sentidos após um tempo passam a ter seus responsáveis se protegendo dos maiores riscos existentes. No caso específico dos investimentos, o impacto econômico é grande, tanto no emprego nos próximos meses como na evolução futura da produtividade e das remunerações. Nós brasileiros ficamos mais pobres por causa dessas ações incertas, juntadas por membros do STF. Em ambos os casos, buscou-se remendos para minimizar impactos perversos. Mas as soluções encontradas sempre apontaram na direção da contemporização com novos equilíbrios de forças políticas quando o óbvio seria evidente. Enquanto isso, eles vão postergar suas decisões de estratégias para o futuro. Todos sairão perdendo dessas confusões criadas. Neste sistema de parlamento presidencialista mais uma vez o governo se torna refém, seja ele quem for. A reforma política é equação em que todos não querem.
Antônio Scarcela Jorge.

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