COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
O ANORMAL VOLTOU NORMAL
Nobres:
A
cúpula dirigente do país resolveu engajar-se em algumas conversações, talvez
com o propósito de nos fazer relembrar que, diferentemente da semana anterior,
eles não são soberanamente perfeito. Um ministro do Supremo Tribunal Federal,
Alexandre de Moraes, resolveu impor censura à imprensa, protagonizando um dos
maiores crimes contra a democracia no país, desde o regime militar. Além disso,
ele e Dias Toffoli, o amigo de Lula, insistiram que o Supremo conduza
inquéritos, algo fora de sua área de atuação, tanto legal como principalmente
moral. A Câmara dos Deputados, por sua vez, resolveu inverter a pauta na CCJ e
pôs a votação sobre as emendas impositivas à frente da reforma da Previdência.
Mostrou com isso à nação que seus membros põem seus interesses à frente dos do
país e que vão forçar o Executivo federal a conversar com eles dentro de suas
práticas nem sempre republicanas. É uma esculhambação onde a desordem e a
palhaçada impera entre os maiores figurões da República. De certo modo enseja a
credibilidade das instituições se forma quando há um acordo entre os diversos
segmentos de quais regras devem definir a estrutura institucional e como elas
devem evoluir ao longo do tempo. Quando as incertezas quanto às regras
institucionais futuras aumentam, todas as decisões cujos resultados são
sentidos após um tempo passam a ter seus responsáveis se protegendo dos maiores
riscos existentes. No caso específico dos investimentos, o impacto econômico é
grande, tanto no emprego nos próximos meses como na evolução futura da produtividade
e das remunerações. Nós brasileiros ficamos mais pobres por causa dessas ações incertas,
juntadas por membros do STF. Em ambos os casos, buscou-se remendos para
minimizar impactos perversos. Mas as soluções encontradas sempre apontaram na
direção da contemporização com novos equilíbrios de forças políticas quando o
óbvio seria evidente. Enquanto isso, eles vão postergar suas decisões de
estratégias para o futuro. Todos sairão perdendo dessas confusões criadas.
Neste sistema de parlamento presidencialista mais uma vez o governo se torna
refém, seja ele quem for. A reforma política é equação em que todos não querem.
Antônio Scarcela Jorge.
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