COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
AS ELEIÇÕES DESTE ANO
Nobres:
Diante da perplexidade impositiva
do povo brasileiro enfim estamos nos aproximando de uma das eleições de maior
incerteza em nossa história recente. O ambiente é de muita radicalização,
intolerância e falta de esperança. Alguns propõem soluções messiânicas que
aprofundam as divisões. A investigação da corrupção expõe as vísceras de um
modelo político falido. Ao mesmo tempo, muitos já percebem que a saída
democrática para a crise passa pelo revigoramento da política. Nunca pela sua
substituição por atalhos antidemocráticos e autoritários. Não substitui à
altura a atividade política e a experiência dos políticos. É justamente em
épocas de crise que a capacidade de diálogo dos políticos torna-se mais necessária.
No atual clima de exasperação contra os desmandos da política brasileira,
precisamos ter cuidado para não colocar todos na vala comum. Não jogar fora o
bebê com a água do banho. Há políticos e políticos. É neste quadro que se
começa a discutir o formato das composições e candidaturas. Embora tenha
vocação universalista, a política começa pelos arranjos de poder no nível
local. Para recuperar credibilidade, os partidos irão buscar legitimação nesse
nível de poder regional, com candidaturas e acordos localizados. Que podem se
sobrepuser à lógica nacional da eleição presidencial. Mormente porque até agora
não existem candidatos presidenciais que estejam empolgando o eleitorado. Embora
se apresente o panorama, é de muitas candidaturas presidenciais. Como na de
1989, quando Collor e Lula passaram ao 2º turno mesmo com diminutas estruturas
partidárias. Há, portanto, uma grande incógnita sobre a força nacional
das coligações nessas eleições. Parece mais provável que prevaleçam os arranjos
regionais. Assim, um mesmo partido pode apoiar um candidato a presidente em
determinado Estado da Federação e ao mesmo tempo, o seu competidor em outro.
Podem se tornar comuns os palanques estaduais com mais de um candidato na
disputa presidencial. Outra incerteza é à força das máquinas políticas. Além de
ter de escolher um candidato a presidente, o eleitor vai ser chamado a pinçar
um governador, dois senadores, um deputado federal e um estadual. Num ambiente
de dispersão das fontes de informação, com menor tempo de campanha e menor
duração do horário eleitoral. A força das redes sociais é fato novo, claro. Há
indícios, portanto, de que as próximas eleições serão singulares em muitos
aspectos iniciando principalmente pelo ambiente de descrença, para não dizer
intolerância com a política tradicional, que pode aumentar a abstenção e o voto
nulo com a ressaca de esperanças frustradas ocasionada pela dispersão
partidária e desgaste de partidos que já gozaram de grande aceitação como o MDB
(que conduziu a redemocratização), o PSDB (que acabou a inflação) e o PT (que
avançou a pauta do populismo este último com adoção de pequenas legendas
de aluguel com tendência esquerdista no mesmo conceito das sublegendas que
foram adotadas no regime militar que estes vermes tanto condenam, sejam fundamentadas
que em busca do poder absoluto querem mais uma vez enganar e aproximar das
pessoas que usam bandalheiras e como suporte do absolutismo em hipótese irão
massacrar estes que não estão nem aí para valorização da própria vida). Com a
profusão de novos partidos com projetos de se safar e promover os desvios para
roubalheira, na lógica, ainda não parecem ter substituído os anteriores no
afeto das pessoas de bem. Pode-se então imaginar um cenário de muitos riscos e
incertezas. Talvez maiores do que em 1989. É uma perspectiva sombria.
Antônio Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário