COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
POUCA MEMÓRIA OU SACAGEM
Nobres:
Nem toda
a sociedade brasileira por ser coerente não expressa deste modo. ‘Diz algum’
que a nossa cultura (amaldiçoada) é curta em absolver certos “corruptos” sendo
o padrão e até apelam para Deus em salvar o condenado formalmente Lula, sendo
esses próprios nas redes sociais são sabedores que a divindade é reta conforme
os ensinamentos. Uma blasfêmia! Neste emaranhado de contradições que permeia o
nosso país “fedido” pelo castelo corrupto entre todos os poderes da República,
é por magnífico encontrar centenas de deslizes como que se apresenta neste
cenário repetitivo em cada cotidiano. Vem a tona o ex-senador Demóstenes Torres
até então se tornaria símbolo da ética e da moral. “ledo engano” - Se o nobre
leitor viajasse no tempo e desembarcasse em 12 de julho de 2012 poderia ler na
capa do jornal O Globo daquele dia a seguinte manchete: “Senador que pôs o
mandato a serviço de bicheiros é cassado”-. Texto em site do jornal,
relembrando o caso, afirma: “Demóstenes Torres posava de defensor da ética e
foi o relator, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, do
projeto que resultou na Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de
políticos condenados e daqueles que renunciam a mandatos para não serem
cassados. Seu mundo caiu quando uma investigação da Polícia Federal revelou que
ele atuava como lobista do bicheiro Carlinhos Cachoeira, responsável pela
montagem de um vasto esquema de corrupção no governo e pivô do escândalo
conhecido como máfia dos caça-níqueis de Goiás. Para não ser afastado, ele
pediu desligamento de seu partido, o DEM, mas foi cassado pelo Senado Federal
em 11 de julho de 2012”. Gravações feitas pela Polícia Federal indicavam que
ele teria recebido do bicheiro uma cozinha de presente. Outas acusações diziam
que ele vazava informações do Congresso para Cachoeira e estaria envolvido em
tráfico de influência em diversos órgãos federais. Imagine que, não satisfeito
com a leitura de apenas um jornal, o leitor daqueles 12 de julho de 2012
comprasse outro, a Folha de S. Paulo. Em matéria daquele dia, intitulada
“Senado cassa Demóstenes, e CPI tende a perder força”, o jornal paulista
informava: “O Senado cassou ontem por 56 contra 19 o mandato de Demóstenes
Torres (ex-DEM-GO), acusado de mentir sobre suas relações com Carlos Cachoeira
e de usar o cargo para beneficiar o empresário, preso por suspeita de chefiar
um esquema de corrupção. Foi a segunda vez que em 188 anos que a Casa decretou
a perda do mandato de um senador por quebra de decoro. A decisão, feita em
sessão aberta e por voto secreto, deixa Demóstenes inelegível até 2027, oito anos
após o fim de seu mandato”. De volta a março de 2018, seis anos depois, o nobre
leitor chegaria com a convicção de que como político Demóstenes estava acabado,
e que não havia dúvidas sobre sua culpabilidade. O noticiário, porém, agora é
outro. “O ministro Dias Toffoli, do STF, decidiu afastar a inelegibilidade do
ex-senador Demóstenes Torres (GO) e abrir caminho para que ele concorra nas
próximas eleições”, informa matéria de ontem da Agência Estado, do jornal
Estado de S. Paulo. Antes, em dezembro do ano passado, ele já havia obtido
outra vitória que mudava os efeitos do caso: por unanimidade a Segunda Turma do
STF anulou a decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que o
afastara do cargo de procurador. A Segunda Turma considerou nulas as
interceptações telefônicas utilizadas contra ele nas investigações. Demóstenes
reassumiu o cargo de procurador e agora, conforme o noticiário se movimenta
para tentar sair candidato a governador ou ao Senado, por Goiás. Ao
relembrá-lo, não entramos no mérito deste caso. Queremos apenas lembrar como
num curto espaço de seis anos a realidade pode ser transformada. É mole!
Antônio
Scarcela Jorge.
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