COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
BRASIL NA UTI
Nobres:
Tal qual uma infeção generalizada
que mata por falência do organismo, a corrupção está matando nosso país. A
parte ainda sã de nosso organismo nacional não consegue sequer enfrentar a
decomposição moral, rápida e paulatina, do Brasil. É bem este o quadro geral do
doente chamado Brasil, e esconder a gravidade desta doença só contribuem para
seu alastramento. A corrupção é a doença que mais ameaça o Brasil, mais que a AIDS,
que o infarto, que o câncer, que os traumas violentos. A degradação moral
já matou. O que corrompe, destrói, provoca o ser corrompido. Assim, é o mal
social maior porque destrói, anula a própria sociedade; daí sempre ter sido
essencialmente um crime em toda e qualquer civilização. Antes de ferir o
patrimônio público ou particular, a corrupção degrada os valores íntimos de
cada um, relativiza os costumes e a cultura da virtude, anulando, pois, os
pilares que mantêm a sociedade elevada e digna de seu próprio orgulho quando os
interesses privados passaram a sobrepor os públicos, está se consolidando a
decadência do Estado. Está perdendo o espírito cívico e ético que se pode
assaltar os cofres do Estado e subordiná-los a corrupção moral abrange também à
corrupção de costumes, a falta de caráter particular ou nacional, o desleixo
administrativo ou governamental se rende a indiferença pela sorte alheia ou
pelos interesses públicos. Na política fala-se de compra de apoio e de voto e,
as leis daí decorrentes e impregnadas de ‘faz de conta. Na Justiça, a CPI
específica já demonstrou casos pontuais, mas gravíssimos de corrupções
explicita (que ofendem a razão de ser e os Códigos legais): a neste Brasil podre
onde é determinado por interesses escusos onde a excelências corruptas – vide STF,
um conjunto de interesses criminosos jamais encontrados na história de nossa
República, deprime a sociedade estarrecida com tanta arrumação de negociatas. É
uma podridão mesmo, reiteramos. Jamais se imaginava que esta corrupção das
melhores é a pior corrupção! Há corrupção em certas estatísticas, nos discursos
em geral, nas promessas, nas propagandas inclusive as governamentais quando
promessas vazias, quando lastreadas em reserva mental (sabe-se de antemão da
mentira anunciada e prometida). No Direito, deturparam teorias e teleologias
para agasalhar interesses inconfessáveis a falência da falência, do processo de
execução, sempre menos favorável ao pobre que ao rico, tudo com ares de justiça
e boa técnica jurídica. Enfim corrompe-se até a fé: grandes milagres, só com
grandes dízimos. A corrupção é mais grave que a dos demais povos porque em alta
taxa e porque já dominou partes do sistema defensivo, já corroeu os princípios,
baluartes do sistema de defesa, já depauperou a crença nos remédios e na esperança
de dias melhores para quem não aderiu ao vale tudo moral. Por que será tão
difícil a penalização exemplar de nossos corruptos assumidos e identificados,
antes ao contrário, são eles ‘colunáveis’ e até benquistos na comunidade
doente. O doente “Brasil” precisa e com urgência de UTI, de um programa de
tratamento asséptico, do tipo tolerância zero, contra a infecciosa corrupção,
não importando de que tamanho ou de que potencial maligno, enfim tudo e todos
devem ser convocados para salvar da morte, por traumatismo moral, o Brasil.
Antônio Scarcela Jorge.
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