COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
INCLINAÇÃO
COSTUMEIRA DO NOSSO PAÍS
Nobres:
O invencível jeitinho
brasileiro o indicador genético de nosso povo mostra a cara novamente: até na
delação o brasileiro busca uma forma de contornar a realidade ao seu favor. Depois de
estremecido o país, liquidarem um presidente, entregarem esquemas e quase
saírem impunes do maior esquema de corrupção do mundo, os irmãos “Esley” lançaram,
agora, uma nova modalidade criminal: a delação à brasileira. “Nós não ‘vai’ ser
preso”, afirmou Joesley convicto. Considerando-se um gênio do empresariado, JB
orgulhava-se por saber os caminhos dos bastidores e os segredos do
enriquecimento criminoso. Após fazer fortuna, restava-lhe, apenas, salvar sua
cabeça e o império Batista. E arquitetando uma gigantesca conspiração para
entregar os nomes mais preciosos embora nefastos da República, Joesley
grampeou-se e foi ao abate! Gravou ministros, deputados, senadores,
governadores e o presidente. O problema, porém, é que JB estava tão disposto a
grampear bandidos que se esqueceu de que, dentro de si, havia um dos maiores
criminosos do esquema: aquele que ostenta a veia do empreendedorismo para
encobrir sua farsa e lavar as mãos. E foi assim que o Senhor Friboi gravou a si
mesmo e entregou de bandeja, a própria cabeça. Joesley tentou enganar a
Procuradoria Geral, o Supremo e a Polícia Federal omitindo informações numa
delação incompleta e seletiva. Sem limites, JB diz ter influência com cinco
ministros da suprema corte e um fechado ao seu lado. Em suma, a corrupção
comprou os três poderes! O jeitinho brasileiro mostra a cara novamente: até
mesmo na delação o brasileiro busca uma forma de contornar a realidade ao seu
favor. E o melhor: acredita-se que os áudios recentes tenham sido entregues por
engano à PGR. Ou seja, a negligência típica de quem faz da vida um improviso
leva, pois, ao fim da linha; crendo que o mundo é dos espertos, Joesley
rifou-se. Os irmãos Batista eram, até então, os símbolos máximos da impunidade,
o rótulo clássico de que o crime compensa. A mentira, contudo, não permite
falhas. Em verdade, a gafe mortal dos “Esley” é a prova viva de que a corrupção
consome até mesmo o próprio corrupto principalmente a “corrupção a brasileira”
que sempre tardou, mas chega como o ímpeto da própria justiça em puni-los.
Antônio
Scarcela Jorge.
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