COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
MERCHANDISING DO PRESIDENCIALISMO
Nobres:
O nosso país como sempre se transforma no pioneirismo
inédito dos arranjos que diante da redemocratização do país, aos poucos, o
debate entre os candidatos a presidente da República e a governador se tornou
evento midiático. A aliança entre tecnologia e democracia se transformou em
instrumento capaz de ajudar os indecisos a definir o voto ou levar os convictos
a mudar de opinião em relação ao candidato antes escolhido. Hoje, é quase
impossível discutir eleição sem mencionar o comportamento desse ou daquele
candidato diante das câmeras. É o momento do olho no olho entre o aspirante e a
massa de milhões de eleitores. Não tem tapinha nas costas, beijinhos em
crianças, nem reverência carinhosa ao idoso, gestos comuns no corpo a corpo da
campanha de rua. O palco é a arena onde os candidatos expõem e discutem
ideologias e propostas para os temas que mais afligem a população, e são
confrontados a cada questionamento dos entrevistadores e dos concorrentes. Quem
responde não pode vacilar. Tem que ser assertivo e ter capacidade de convencer
o telespectador de que o seu projeto é o melhor e mais exequível entre os apresentados
pelos adversários. Por meio da telinha, os eleitores são os responsáveis por
decidir pelo projeto de nação que desejam. Têm condições de avaliar cada um dos
concorrentes e pesar qual entre eles é o merecedor do seu voto, ou seja, ser o
destinatário da procuração que dará para que as futuras políticas públicas não
sejam frustrantes para a maioria da população. As emissoras de televisão cumpriram
o papel social e político que as concessões lhes reservam: levar aos lares dos
brasileiros de todos os quadrantes o debate e expor os presidenciáveis e os
postulantes a governador ao crivo da opinião pública. Ao longo desses 35 dias o
duelo entre candidatos dominou a campanha eleitoral. A maioria não revelou o
que pretende, mas prometeu além do que, provavelmente, não terá condições de
cumprir em questões relevantes para a sociedade: saúde, educação, segurança,
saneamento básico, desigualdades, miséria, emprego, reformas estruturais como a
previdenciária e a tributária. Temas difíceis e inconvenientes àqueles que
buscam se afirmar ante os eleitores. Cada cidadão, ao votar amanhã domingo,
deverá escolher com racionalidade quem deverá conduzir o país e o seu estado
nos próximos quatro anos. Não é hora de empurrar o Brasil para a aventura que é
ficar a ânsia corrupta do lulismo.
Antônio Scarcela Jorge.
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