COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
O PONTO DAS PESQUISAS
Nobres:
Passadas as
eleições em primeiro turno, chegamos às seguintes conclusões: além de inúteis,
porque o eleitor não agrega nada de positivo ao saber antecipadamente quais os
prováveis vencedores do pleito, restou demonstrada ainda a pouca ou nenhuma
confiabilidade que merecem, tendo em vista as projeções que resultaram em
monumentais equívocos em vários Estados. Em Minas Gerais, por exemplo, Dilma
Rousseff aparecia como favorita ao Senado, restando um melancólico quarto
lugar, registrando pouco mais de 15% dos votos, quando o Datafolha lhe conferia
27% e o Ibope 20%. Ela liderou todas as pesquisas desde o primeiro dia da
campanha com, pelo menos, o dobro dos percentuais atribuídos ao então segundo
colocado. A apuração dos votos das eleições gerais deste domingo mostrou a
precariedade das pesquisas de intenção de voto no Brasil, pelos dois principais
institutos, Ibope e Datafolha. No Rio de Janeiro, o fiasco não foi diferente:
ao governo, Wilson Wetzel (PSC), aparecia no Ibope com 12% dos votos válidos e
11% no Datafolha. Abertas a urnas, eis a surpresa: Wilson com 41% dos votos. Os
especialistas atribuem os erros das pesquisas eleitorais ao impacto das redes
sociais na circulação das informações, fato que tornou o comportamento do
eleitor mais volátil, mudando o voto numa velocidade maior do que a coleta pode
demonstrar. Assim, errando cada vez mais, os institutos de pesquisas vão
progressivamente perdendo a sua razão de ser, demonstrando ser sua atividade
fim totalmente inútil, quando mais, prejudicial ao processo democrático no
Estado de Direito. Afinal, para que servem? Indicar os prováveis vencedores das
eleições, atendendo aos interesses de alguns candidatos, inflando seus
percentuais de votos, para induzir ao seu favor, o pernicioso voto útil? O
processo democrático poderia existir com melhor eficácia política, caso eles
não existissem. Em médio prazo, os institutos de pesquisas, de tanto errarem,
perderão a credibilidade ao ponto de encerrarem definitivamente suas atividades.
Antônio Scarcela Jorge.
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