domingo, 15 de março de 2020

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - DOMINGO 15 DE MARÇO DE 2020

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
PERSPECTIVA GRADUADA

Nobres:
A realidade está talhada e desveste aos olhos de todos e o resultado é um só: - a teimosia permanente evidencia de quem nunca aprendeu a flagrante desconexão da política com a lógica da vida dificulta a viabilidade do diálogo como via eficaz da sociedade. No entanto as democracias contemporâneas são caracterizadas por governos que não governam anêmicos parlamentos ineficientes e um sistema judicial atolado na morosidade crônica. O fato é que o equilíbrio político contemporâneo é absolutamente instável. Os impulsos sociais latentes enraizados em um profundo e angustiante senso de descontentamento coletivo são capazes de transformar faíscas em chamas num simples relance de olhar. Em tempos nervosos, erráticos e impulsivos, há que se ter cautela, cálculo e ponderação máxima, pois um mínimo movimento impensado pode ser o gatilho da irracionalidade radical. A atual sociedade vigiada agrava os desafios da função: mais do que olhos, existem câmeras por toda parte, registrando em cores, alto e bom som, as palavras ditas e os semblantes feitos, privacidade é hoje um artigo de luxo. E não adianta se indignar com a exposição multimídia; a evolução tecnológica nos trouxe até aqui e, gostemos ou não, veio para ficar e o “pulo do gato” está, justamente, em saber navegar neste novo mundo, potencializando suas virtudes exponenciais e, paralelamente, minorando seus defeitos catastróficos. Para tanto, o recurso da boa retórica política retoma sua essencialidade prática, pois sem clareza expressiva e tato emocional é impossível tocar o coração das pessoas. Naturalmente, a linguagem do presente repudia as monótonas erudições do ontem; aqueles discursos longos e exaustivos são completamente incompatíveis com a velocidade da vida moderna; além do impacto emocional, a palavra política deve ser um chamado de engajamento público e um comando de esperança no futuro. Ora, quando vai a campo, o povo quer ver gol, vibrar com jogadas espetaculares, admirar e bater palmas àqueles que honram a camiseta. Mas não basta apenas jogar bem; há que se ter “fair play”, pois a corrupção seja ela qual for é algo deplorável, humilhante e decadente. Então, o esquema tático está pronto, mas será que os jogadores entenderam alguma coisa? Neste estágio onde a sociedade ética se torna perplexa diante deste cotidiano tomado pela marginalidade predominante da política até agora contraditório em espécie: raciocinamos enquanto há tempo.
Antônio Scarcela Jorge.

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