sábado, 8 de fevereiro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SÁBADO 08 DE FEVEREIRO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

“PROGRAMA MAIS MÉDICOS”

Nobres:
Mais uma vez a sociedade brasileira toma conhecimento que o governo brasileiro, adotou um programa de cunho contraditório, cujo efeito contém direção ao cenário político, bem acima do mérito “emergencial” referente à “alocação” de médicos para o interior das comunidades brasileiras onde a ausência desses profissionais era e, ainda é, latente. É evidente que o programa Mais Médicos, pelo qual o governo brasileiro trouxe profissionais estrangeiros para atender áreas carentes, está produzindo resultados positivos. Ainda assim, não há como esconder o desconforto do acordo firmado com Cuba para que cidadãos daquele país trabalhem no Brasil. Desde o  começo do programa, as bases do modelo de prestação de serviços foram questionadas, e a controvérsia está de volta com o episódio da deserção da médica Ramona Matos Rodríguez. A profissional decidiu que não mais irá atuar no programa brasileiro e que tampouco pretende retornar a Cuba, sob os mais diversos argumentos. Todos devem ser levados em conta, para que o governo, o Congresso e outras instituições com a atribuição de fiscalizar iniciativas como o Mais Médicos corrijam seus desvios. Ao decidir pedir asilo, a médica apontou alguns aspectos que evidenciam  arbitrariedades contidas no acordo entre as autoridades nacionais e cubanas. O aspecto mais ressaltado é o de que, a partir do momento em que aderem ao projeto, os médicos acabam se transformando, com suas famílias, em reféns do que ficou acertado entre os governos. Os profissionais vêm sozinhos para o Brasil, sem a possibilidade de trazer familiares, têm restrições no uso de passaportes e recebe como remuneração uma parcela mínima do total pago a Cuba. Ramona Rodríguez informou que receberia mensalmente o equivalente a US$ 400 enquanto estivesse no Brasil e mais US$ 600 quando retornasse a Cuba, enquanto o governo brasileiro pagaria um total de R$ 10 mil por profissional a Cuba. É sabido que os governos dos dois países têm argumentado que o programa não envolve contratos diretos do Brasil com os médicos como pessoas físicas. O acerto entre governos teria a intermediação da Organização Panamericana de Saúde, e caberia ao governo cubano, depois de receber pelos serviços, remunerar os médicos. O argumento, também repetido, é o de que estes são servidores públicos de Cuba. Todas essas desculpas não eliminam questionamentos que se reafirmam com a situação criada pelo pedido de asilo. É evidente que o Brasil, ao aceitar as condições cubanas, é cúmplice de distorções graves nas relações do governo daquele país com seus cidadãos, enquanto desfruta de seus serviços. Não há como compactuar com o fato de que os profissionais são totalmente tutelados pelos governantes. É no mínimo desigual a fórmula adotada para a remuneração dos médicos, quando se sabe que o governo lhes destina um pequeno percentual do que recebe. Um programa criado para socorrer comunidades do Interior, onde a falta comprovada de médicos desampara populações inteiras, não pode se submeter a meios ética e socialmente questionáveis para chegar aos resultados planejados. Até agora, o Mais Médicos tem o reconhecimento dos usuários do SUS, mas não há como ignorar a realidade denunciada no pedido de asilo, nem mesmo sob o argumento de que é apenas um caso isolado. Há de se concluir que o imperativo ideológico é padrão desse questionamento.

A brutalidade dos marginais.

É deveras estarrecedor o que acontece no País em função da falta de segurança para população. Basta uma breve leitura no noticiário da semana para se concluir que estamos sendo exterminados por homicidas, ladrões e drogados. Isso no Brasil inteiro. A segurança pública, em nosso país, é uma falácia. E o nosso Estado do Ceará, infelizmente, reflete esta triste realidade. Só a cada final de semana, cerca de uma dezena de pessoas foram assassinadas no Estado por delinquentes, e já se tornou costume, os homicídios praticados por conta de quadrilhas de traficantes e drogados que praticam acintosamente a execução sumária, contraria o formato constitucional. E não foi unicamente por reação das vítimas, como costumam alegar algumas autoridades policiais, invertendo a lógica da responsabilidade. A banalização da vida já entrou para o cotidiano dos brasileiros. Diante do quadro estarrecedor da criminalidade no país, determinados governantes e militantes dos partidos que ocupam o poder costumam dizer que a mídia hiperdimensiona a violência e invariavelmente defende a repressão como único remédio. Isso não é verdade: até segmentos da grande mídia no pretexto de convencionar o alto poder do corporativismo existente em quase todas as células, “questionam a cerca da “ética” jornalística como uma forma de suavizar e agradar o poder; em contrapartida se impera pela Constituição no direito de expressar pensamentos e opinião, nem mesmo o potencial que ostentam, fazem-se alheio ao nosso ordenamento. Nenhuma das duas imputações se sustenta. A primeira é facilmente desmascarada pelas pessoas que se cercam de grades, que pagam segurança privada para suas residências e suas empresas, que se sentem ameaçadas quando saem às ruas e que não dormem enquanto seus filhos não retornam do trabalho e dos compromissos sociais. A segunda é uma desculpa esfarrapada para a inoperância do Estado na prestação desse serviço essencial que é a segurança dos cidadãos. Ninguém desconhece a existência de questões sociais históricas entre as causas da violência no Brasil. Até por isso, torna-se mais desconcertante o aumento da criminalidade, especialmente de homicídios, num momento em que o país registra ascensão social de parcela expressiva de sua população e índices de pleno emprego. É tal a indignação dos brasileiros com a insegurança, potencializada pela inoperância policial e pela impunidade, que já começam a se registrar casos de Justiçamento. Na semana que terminou, uma das imagens pela televisão em rede nacional, obviamente, mais difundidas do país no Exterior foi a do adolescente acorrentado a um poste no Rio de Janeiro, depois de ser acusado de roubo e espancada por uma milícia de justiceiros, uma barbárie inadmissível. Antes que tais descalabros se generalizem, é impositivo que os cidadãos brasileiros reajam com determinação. Não para entrar em luta com os bandidos, mas, sim, para cobrar mais ação dos governos, das forças de segurança e do Judiciário. Que os poderes estabelecidos cumpram o seu dever, promovam operações ostensivas que comprovadamente inibam os marginais, organizem campanhas de desarmamento, julguem com celeridade os criminosos, invistam em penitenciárias e criem mais vagas nos presídios, retirem de circulação os delinquentes, previnam e combatam o tráfico de drogas e deem atenção mais efetiva e mais constante aos cidadãos que os sustentam com seus impostos. Já se tornou insuportável contar apenas com a sorte e ouvir da polícia que o segredo para manter a vida é “não reagir, não olhar para o assaltante e entregar tudo”. Está é uma retórica inconvincente para população para que não a vontade de resolver em espécie..

Antônio Scarcela Jorge.

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