COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
A TORCIDA PELO PIOR
Nobres:
O presidente
eleito, Jair Bolsonaro, está atuando ativamente nos bastidores para construir a
sua base parlamentar no Congresso a partir de 2019, mas está falhando ao não
condicionar esse apoio a não votação das chamadas pautas-bomba que estão
infestando o Legislativo. Como alerta do atual ministro da Fazenda, Eduardo
Guardia, se todos os projetos que estão tramitando na Câmara e no Senado
propondo aumento de despesas forem aprovados, a próxima administração ficará
inviabilizada. Não haverá dinheiro suficiente para cobrir todos os gastos. Avaliações de consultores legislativos apontam que, durante todo o ano de 2018,
Câmara e Senado aprovaram ou fizeram avançar projetos que vão resultar em um
rombo adicional de R$ 259 bilhões nas contas públicas ao longo dos quatro anos
do governo Bolsonaro. Essa conta inclui o aumento de mais de 16% nos salários dos
ministros do Supremo Tribunal Federal, que teve impacto em toda a máquina
pública, e a medida que concede incentivos fiscais a montadoras de veículos. O
movimento nessa direção parece não ter fim. Na última terça-feira, sem que a
coordenação política do presidente eleito se desse conta, o Congresso aprovou
projeto que prorroga por cinco anos os benefícios fiscais para as regiões Norte
e Nordeste e estende os incentivos para o Centro-Oeste, com impacto de R$ 5
bilhões ao ano no caixa do Tesouro. O Legislativo também deu aval para a
renegociação de dívidas de produtores rurais, medida que resultará em despesa
adicional de R$ 5,3 bilhões. A sanha gastadora dos parlamentares está tão
ativa, que outras bombas podem ser aprovadas, no que deve ser o último
dia de trabalho deles. A atuação do Congresso no apagar das luzes mostra que Câmara e Senado não
entenderam a gravidade das contas públicas, mesmo com todos os alertas feitos
diariamente por aqueles que defendem a responsabilidade fiscal. É um descaso em
relação ao futuro do país. Com rombos crescentes nas finanças do Tesouro desde
2014, está no vermelho, programas importantes para a retomada do crescimento e
a melhoria de vida da população serão inviabilizados. Bolsonaro precisa se
atentar para as armadilhas que estão sendo criadas pelo Congresso. No papel,
realmente, sua administração começará, oficialmente, em 1º de janeiro de 2019.
Mas todos os projetos que estão sendo aprovados a “toque de caixa” e muitos deputados
e senadores muito não se reelegeram. Um corporativismo comum que os adeptos a
corrupção, a frente o atual Presidente do Senado que o nosso eleitorado do Ceará
teve a felicidade em não reelegê-lo, por razão da tropa em comando que respira
pouco mais de um mês (31 de janeiro de 2019), tentam em levar dificuldade ao próximo
governo. O resultado poderá ensejar o alongamento da crise econômica que
atormenta o país há anos. Independentemente das posições políticas, há um
sentimento de expectativa latente entre os brasileiros. Todos almejamos que o
país dê certo. Contudo, com as contas públicas em frangalhos, o risco de
imperar a frustração só aumenta à medida que Câmara e Senado avalizam a
gastança desenfreada é pura irresponsabilidade quem estima por enquanto o poder
de mando.
Antônio Scarcela Jorge.
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