COMENTÁRIO
SCARCELA
JORGE
AINDA CONFERIU PRIVILÉGIO
Nobres:
A velha mania
corrupta de instar será sempre padrão deste Brasil que não vive pelo menos um
dia em editar “mamatas” quaisquer que seja. O cotidiano foi o reajuste
concedido aos ministros do Supremo Tribunal Federal joga luz, mais uma vez,
sobre chaga que o Brasil teima em manter aberta. Trata-se dos privilégios do
setor público. Eles vão ao encontro de dito que circula como piada, mas está
intimamente colado à realidade: “Todos são iguais perante a lei, mas existem os
mais iguais”. Ocupantes de altos cargos da República, os ungidos se distanciam
dos cidadãos comuns. Em primeiro lugar, pelo tratamento. Deixam de ser senhor e
senhora. Tornam-se excelência. Em segundo, pelas benesses. O trabalhador, que
paga impostos para manter a máquina do Estado, arca com a própria
sobrevivência. Desembolsa o aluguel da casa, a compra do carro próprio, o
abastecimento de combustível, os serviços de Correios. Mais: goza um mês de
férias, cumpre horário de expediente, submete-se a metas de produtividade. E,
com certeza, recebe remuneração mensal bem inferior à dos ocupantes do andar de
cima. Aqueles ditos pobres e contraditoriamente adoram o lulopetismo nem isso
passa pelo poder aquisitivo que o sistema corrupto lhes impôs. Pobres coitados
são manipulados pelos espertos e anarquistas do momento. Sobre o aumento dos
imaculados do STF vem a propósito do pronunciamento do presidente do Supremo
Tribunal Federal quando se divulgou a decisão do Senado de fazer agrado ao
Supremo com o chapéu do povo. Vale lembrar que a majoração e seu efeito cascata
acarretarão impacto de R$ 4 bilhões aos combalidos cofres públicos, a União
fará frente a R$ 1,45 bilhão; os estados, muitos em situação pré-falimentar, R$
2,6 bilhões. Ao comentar a concessão estranhamente como sendo justa, mas com certeza
inoportuna, Dias Toffoli disse que vai apressar a restrição do auxílio-moradia
para juízes federais, hoje pagos indistintamente a boa parcela dos magistrados,
(uma desculpa esfarrapada) e com isso, compensaria parte do impacto do reajuste
de 16,38%, que fez a remuneração saltar de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. Claro
que a conta não fecha. Com o déficit fiscal que estrangula a economia, o país
precisa cortar gastos. O presidente Temer deu indícios de que joga no time do
atraso como o Senado. Não vetará o projeto. Enfim continua aquela vicissitude. Não
se sensibilizaram em ouvir o recado das urnas, que apostaram na mudança.
Disseram não a políticos que representam a velha política esclerosada que se
serve do Estado para benefício próprio em vez de servir ao Estado. Jair
Bolsonaro e o Congresso renovado devem dar resposta ao eleitor. Passo
importante será acabar com os privilégios herdados da casa-grande e senzala.
Além do auxílio-moradia, demonstrações de excelências têm de desaparecer. É o
caso de carros oficiais, motoristas pagos pelo erário, apartamentos funcionais,
passagens aéreas, férias em dobro, gabinetes perdulários. O cidadão que renovou
o Executivo e o Legislativo quer entrar no século 21. Fazer a leitura correta
do tempo é o desafio que os representantes do novo têm pela frente. Isto será a
ordem do dia do próximo governo por natural e o respaldo das urnas.
Antônio Scarcela Jorge.
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