quarta-feira, 14 de novembro de 2018

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUARTA-FEIRA, 14 DE NOVEMBRO DE 2018

COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE
AINDA CONFERIU PRIVILÉGIO

Nobres:
A velha mania corrupta de instar será sempre padrão deste Brasil que não vive pelo menos um dia em editar “mamatas” quaisquer que seja. O cotidiano foi o reajuste concedido aos ministros do Supremo Tribunal Federal joga luz, mais uma vez, sobre chaga que o Brasil teima em manter aberta. Trata-se dos privilégios do setor público. Eles vão ao encontro de dito que circula como piada, mas está intimamente colado à realidade: “Todos são iguais perante a lei, mas existem os mais iguais”. Ocupantes de altos cargos da República, os ungidos se distanciam dos cidadãos comuns. Em primeiro lugar, pelo tratamento. Deixam de ser senhor e senhora. Tornam-se excelência. Em segundo, pelas benesses. O trabalhador, que paga impostos para manter a máquina do Estado, arca com a própria sobrevivência. Desembolsa o aluguel da casa, a compra do carro próprio, o abastecimento de combustível, os serviços de Correios. Mais: goza um mês de férias, cumpre horário de expediente, submete-se a metas de produtividade. E, com certeza, recebe remuneração mensal bem inferior à dos ocupantes do andar de cima. Aqueles ditos pobres e contraditoriamente adoram o lulopetismo nem isso passa pelo poder aquisitivo que o sistema corrupto lhes impôs. Pobres coitados são manipulados pelos espertos e anarquistas do momento. Sobre o aumento dos imaculados do STF vem a propósito do pronunciamento do presidente do Supremo Tribunal Federal quando se divulgou a decisão do Senado de fazer agrado ao Supremo com o chapéu do povo. Vale lembrar que a majoração e seu efeito cascata acarretarão impacto de R$ 4 bilhões aos combalidos cofres públicos, a União fará frente a R$ 1,45 bilhão; os estados, muitos em situação pré-falimentar, R$ 2,6 bilhões. Ao comentar a concessão estranhamente como sendo justa, mas com certeza inoportuna, Dias Toffoli disse que vai apressar a restrição do auxílio-moradia para juízes federais, hoje pagos indistintamente a boa parcela dos magistrados, (uma desculpa esfarrapada) e com isso, compensaria parte do impacto do reajuste de 16,38%, que fez a remuneração saltar de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. Claro que a conta não fecha. Com o déficit fiscal que estrangula a economia, o país precisa cortar gastos. O presidente Temer deu indícios de que joga no time do atraso como o Senado. Não vetará o projeto. Enfim continua aquela vicissitude. Não se sensibilizaram em ouvir o recado das urnas, que apostaram na mudança. Disseram não a políticos que representam a velha política esclerosada que se serve do Estado para benefício próprio em vez de servir ao Estado. Jair Bolsonaro e o Congresso renovado devem dar resposta ao eleitor. Passo importante será acabar com os privilégios herdados da casa-grande e senzala. Além do auxílio-moradia, demonstrações de excelências têm de desaparecer. É o caso de carros oficiais, motoristas pagos pelo erário, apartamentos funcionais, passagens aéreas, férias em dobro, gabinetes perdulários. O cidadão que renovou o Executivo e o Legislativo quer entrar no século 21. Fazer a leitura correta do tempo é o desafio que os representantes do novo têm pela frente. Isto será a ordem do dia do próximo governo por natural e o respaldo das urnas.
Antônio Scarcela Jorge.

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