segunda-feira, 3 de junho de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 03 DE JUNHO DE 2013



COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

GARANTIA DA IMPUNIDADE


Nobres:
Foi o bastante para discorrer um clima geral de preocupação estando “aceirando” o Congresso, depois que o Ministro Joaquim Barbosa assumiu a presidência do STF e, como ex-relator de um processo (Ação Penal 470), conseguiu levar os demais ministros a condenar a turma do mensalão, dentre os quais, o poderoso ex-chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu, e quatro deputados federais.  Julgavam os   parlamentares que este seria mais um caso a cair no esquecimento e encerrar-se por prescrição, como quase todos os outros que envolvem parlamentares. Como prosperou, apesar de demorar quase oito anos, desde a data da eclosão do escândalo até a publicação da decisão do julgamento, gerando preocupações e os parlamentares trataram de desengavetar e acelerar a aprovação de leis e PECs que visavam a melhor protegê-los contra condenações e expô-los à opinião pública. Afinal a impunidade (que talvez eles julguem ser um "direito adquirido") precisava ser garantida. No momento, ainda não dá para dizer se algum dos políticos condenados irá para a cadeia, anseio geral da população, mas já se abre ao menos uma possibilidade, que antes sequer era cogitada. As linhas corporativistas de ações escusas no Congresso Nacional insatisfeitos ainda tentam, através da Procuradoria da Câmara, aprovar a PEC 33/2011 e a PEC 37/2011, ambas favorecendo a impunidade dos políticos, tudo rapidamente, uma após outra, empós aprovar pela CGC em caráter inicial. Dentre esses desleixes se faz oportuno delinear em minúcias para ciência em exposição. - A PEC 33/2011 pretende dar ao Congresso o poder de derrubar decisões do STF, que basicamente consistiria no seguinte: - “As decisões do STF, para serem aplicáveis, teriam de passar pelo aval do Congresso que, assim, legisla em causa própria, rejeitando o que não lhe é conveniente e aceitando, no caso contrário”. PEC 37/2011 – Chamada de PEC da Impunidade, pretende retirar e/ou limitar o poder de investigação do Ministério Público Federal em relação aos políticos de qualquer cargo, deixando isto ao critério das autoridades policiais, cujo poder é limitado, porque estão subordinadas ao Poder Executivo. Por ela, a competência das investigações criminais passa a ser exclusivamente das polícias federal e civil dos Estados e do Distrito Federal. - Este rosário de contradições de corporadores: é um acinte a ético e, até o normativo constitucional é uma afronta a sociedade que significa ser o estado democrático referente ao enfraquecimento do direito e obviamente estimula a irresponsabilidade. Se tudo isso for aprovado, quem vai poder fazer alguma coisa contra os superprotegidos políticos? Se hoje, da forma que está - já é difícil condenar e colocar algum deles na cadeia - imagine depois! - Com relação à PEC 37/2011, a população já se mobiliza para fazer um abaixo-assinado, na forma de petição pública, Está em tramitação no Congresso Nacional a PEC 37/2011, que pretende retirar poderes investigatórios do Ministério Público (MP) e estabelecer que a investigação criminal seja prerrogativa exclusiva da polícia. A PEC representa um verdadeiro atentado ao Estado Democrático de Direito e mesmo assim já foi aprovada na Câmara. Os desvios de recursos em contratos com a administração pública, bem como outros atos administrativos irregulares, somam bilhões de reais a cada ano. Na hipótese de ser aprovado o MP (que é a instituição mais independente em relação aos prefeitos, governadores, ministros e demais agentes políticos) ficará impedido de investigar essas fraudes e abusos, dependendo da ação da polícia que está hierarquicamente subordinada a essas autoridades. No mundo todo somente o Quênia, a Uganda e a Indonésia estabelecem sistemas onde a polícia tem a exclusividade da investigação criminal onde esses países tem uma enorme centralização de poder considerada ditatorial e ostentam uma cultura dos primórdios em contradição ao nosso país que estima como nação desenvolvida.
Antônio Scarcela Jorge


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