domingo, 2 de junho de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 02 DE JUNHO DE 2013



COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

DÉCADA DE INCERTEZA


Nobres:
A década está avançada e até agora não apareceu um epíteto, formalidade ou estigma para nomeá-la. Os criadores de doutrinas e padrinhos de tendências geralmente tão ativos e inspirados parecem desestimulados, ou o que é pior, desnorteados, sem saber em que direção apontar. Incerteza, dúvida ou impasse são apostos que casariam bem como sobrenome para o primeiro terço deste decênio, porém pressagiam dissabores e ninguém quer se assumir como patrono do mau agouro. As previsões são pessimistas e as advertências, drásticas. Presumíveis e conexas para a grande circunstância deixam em escancarado algumas oportunidades já que o processo mundial de mutações não é linear, admite roteiros e velocidades variáveis. A década será menos vivaz. Bem menos. Alguns dirão, muito menos. E assim sendo os estrategistas políticos entre os “cientistas do lulopetismo”, economistas e marqueteiros precisam rever planos, prioridades, posturas, retórica. E, se possível, admitir sua própria substituição ante as exigências de um novo repertório. As percepções estão se transformando em grande velocidade, a escala de valores voa junto. Nessas condições a sociedade de massas torna-se imprevisível, por mais precisas que sejam as sondagens de opinião. A doutrina de “não mexer em time que está ganhando” tem um prazo de validade limitado e cada vez mais limitado considerando a volatilidade e vulnerabilidade ambientais. A tentação de reaproveitar o “roteiro” pode ser fatal e isso é válido para todas as forças que disputam o poder. Até há pouco tempo essas forças identificavam-se com os principais partidos políticos e os grandes grupos sociais. Hoje entraram em cena outros vetores religiosos, demográficos, geográficos, econômicos e até corporativos. O país permanece um ente nacional por força de um sistema de comunicação criado nos anos 60 que dificilmente será mantido. Logo será sacudido e individuado graças às novas tecnologias. O redesenho do país está sendo feito de forma fragmentaria, desordenada, em pranchetas clandestinas. Ninguém percebe o que vem por aí, o único dado sólido, perceptível, é que o Brasil não convive com estagnação. Por outro lado as expectativas geradas pelo ingresso no mercado de consumo, acopladas à antecipação da campanha eleitoral e à realização da Copa do Mundo criaram uma dinâmica própria e não é antevisão; é consolidação natural.                                                          
Antônio Scarcela Jorge.

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