quinta-feira, 28 de março de 2019

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA 28 DE MARÇO DE 2019


COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
OPERAÇÃO TORPEDEADA

Nobres:
Em função das manobras efetuadas de corporativista para o enfraquecimento da ‘Lava Jato’ neste contorno já era previsto as saída da prisão do ex-presidente Michel Temer, do ex-ministro e ex-governador do Rio de Janeiro Moreira Franco, ambos do MDB, e de seis outros investigados por suposta participação em esquema bilionário de desvio de dinheiro da obra da usina Angra 3. Mas este empenho a caça de supostos indiciados ao leito corrupto, não significa revés para a Operação Lava-Jato, que investiga o maior caso de corrupção do país e um dos mais escandalosos do mundo. Os integrantes da força-tarefa vêm enfrentando, nos últimos dias, decisões consideradas prejudiciais às investigações, como a transferência da Justiça comum para a Justiça Eleitoral dos crimes de uso de caixa dois em campanhas eleitorais. A decisão, tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a ser interpretada como uma tentativa de esvaziamento da Lava-Jato. Na semana passada, ela decretou a prisão de Temer e seu companheiro de partido a partir das diligências denominadas Radioatividade e Descontaminação, da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal (MPF) está trabalhando para reverter à decisão do desembargador que libertou Temer e os outros presos. No entanto, os procuradores que integram a ‘Lava-Jato’ no Rio devem mostrar argumentos sólidos e convincentes no recurso que apresentarão ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. O que não se pode aceitar é a transformação das ações da força-tarefa em atos de pirotecnia, como a detenção do ex-presidente em plena via pública, com a utilização de um aparato policial desnecessário. Por outro lado o próprio desembargador Antônio Ivan Athié, (tem antecedentes nada recomendado para um magistrado em seus argumentos segundo se baseou nos preceitos jurídico-constitucionais) ao deferir a libertação de Temer e dos outros denunciados, fez questão, em seu despacho, de elogiar a atuação dos procuradores e demais membros da Lava-Jato, o que demonstra o apoio que angariou junto aos mais diversos segmentos da sociedade. Ele afirma não ser contrário ao trabalho da força-tarefa e quer ver o “país livre da corrupção que nos assola”. Também informou que não suspendeu as prisões preventivas antes por não poder ter analisado os pedidos de habeas corpus, mas que tomou a decisão na observância das garantias constitucionais asseguradas a todos, “inclusive aos que a renegam aos outros”, para que possa ser levado a cabo o combate sistemático à praga representada pela corrupção. Talvez existam atalhos na multiinterpletação da Carta Constitucional vigente elaborada pelo uma Assembléia Nacional Constituinte integrada pelo Congresso Nacional que ainda eternamente guarda seus interesses escusos e corruptos em sua maioria, hoje contemporizada pelo STF. Deste modo há de convir à soltura dos acusados em nada impedirá o MPF de prosseguir com as apurações envolvendo Temer, Moreira Franco e um auxiliar direto do ex-presidente, João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, suposto operador do grupo, e outras cinco pessoas. O ex-ocupante do Palácio do Planalto está sendo investigado por suspeita de ser o líder de uma organização criminosa que fraudou contratos da obra da usina nuclear no litoral fluminense, num esquema de desvio de mais de R$ 1,8 bilhão. Cifra como essa assusta qualquer cidadão que quer realmente ver seu país passado a limpo. Diante dos fatos, apoiar a ‘Lava-Jato’ já é, há bastante tempo, um dever de todos os brasileiros, aqueles que usam a ética como padrão.
Antônio Scarcela Jorge.

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