quarta-feira, 1 de novembro de 2017

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUARTA-FEIRA, 1º DE NOVEMBRO DE 2017






COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge

NO REINO DA GATUNAGEM

Nobres:
Desde o ano de 1946 a 1964, o Brasil viveu experiência democrática ainda hoje lembrada com saudade. Em 1964 houve a intervenção militar, que a maioria da população aplaudiu, mas de que, depois, a partir de 1974, se cansou. Longa e árdua foi à jornada para conseguir a restauração da ordem democrática e civil. Quem viveu aqueles tempos lembra, com emoção, os embates dessa jornada, desde as ‘anti-candidaturas’ a campanha das Diretas Já, a anistia, a imensa revisão do Brasil que foi a Constituinte. Da nova Constituição, de 1988 para cá, já são quase 30 anos de experiência democrática, muito maior do que o período exemplar de 1946 (apenas 18 anos). E agora, perplexa, a nação pergunta sobre o que fizeram do país os políticos civis por cuja volta ao poder tanto lutou. Outro dia, um ousadíssimo declarou, atrás das grades em que se encontra que o Juiz Sergio Moro quis acabar com a classe política e conseguiu. É cínico e mentiroso. Quem é responsável pelo nojo que a nação sente hoje pela classe política são, claramente, os próprios políticos as quais ressalvadas admiráveis exceções vêm adotando comportamentos descarados e são, dentre os ladrões, os piores. Assaltaram órgãos públicos: Petrobras, BNDES, fundos de pensões. Conluiaram-se com empresas privadas poderosas para desviar dinheiro público; Odebrecht, JBS... Inventaram formas rebuscadas de corrupção “arenas” para a Copa do Mundo (esta também roubada), investimentos em países de terceiro mundo, de deficientes sistemas de controle. Instituíram roubalheira gigantesca e generalizada, sistemático e espantoso sistema de propinas nunca antes visto na história brasileira. Não pensam senão, o tempo todo, em obter malas de dinheiro a mais. E, descarados, ainda querem aprovar uma legislação para que, apanhados na corrupção, sejam tão somente obrigados a devolver o dinheiro, sem serem presos. Não há paralelo, na história mundial, de tamanha desfaçatez, tão asqueroso atrevimento. Ora, de fato, para eles, prisão é muito pouco. Até prisão perpétua é pouco – por que a nação toda deveria pagar para manter, na prisão, esses patifões. Tão fabulosa é a quantidade de dinheiro roubado que há que concluir que o Brasil é realmente muito rico. Capaz de subsistir apesar de tantos milhões assim surrupiados dos cofres públicos. É claro que esse desvio criminoso implicou na preterição de muito investimento necessário e de muitos programas sociais, e, portanto, na perpetuação da pobreza e da injustiça. Mas é evidente que um país do qual podem ser subtraídas as quantias astronômicas que foram desviadas, é país muito rico. O pior é o que fizeram com a democracia. Não tem esses corruptos, a menor noção da importância que representa, para a vida comum, para todos os cidadãos honrados, a só existência e funcionamento das casas legislativas. Desmoralizados, desmoralizaram a política e os parlamentos, fazem o povo desacreditar das instituições e colocam em risco a própria democracia e os direitos e a liberdade de cada um de nós.

Antônio Scarcela Jorge.

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