terça-feira, 18 de agosto de 2015

COMENTÁRIO DE GÁLTER GEORGE

 COMENTÁRIO­.

FAXINA ÉTICA EXIGE UM FAXINEIRO ÉTICO.


Gálter George.

Vou fugir da discussão sobre a quantidade de gente que saiu às ruas ontem para demonstrar inconformismo e até revolta com a situação do País, mais ainda com o governo da presidente Dilma Rousseff. Independente de ter sido mais ou menos do que nas vezes anteriores, certo é que foi uma nova demonstração de que a sociedade espera uma faxina profunda na política, ponto no qual começa a nascer na minha cabeça uma dúvida, embutida por uma crítica. A operação Lava Jato é um dos combustíveis mais explícitos da onda de indignação nacional que tem se transformado na série de manifestações que lotaram as ruas de várias cidades, nos últimos meses.
Em si, uma demonstração importante de saúde da democracia brasileira, tanto a investigação como as ruas tomadas pelos indignados. Mas, voltando à cobrança, excluir do foco dos protestos o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, padece de uma explicação lógica aceitável. A presidente Dilma Rousseff, que muitos querem afastada, o ex-presidente Lula, que vários dos manifestantes gostariam de ver presos, dois dos alvos principais das ruas que protestam, aparecem citados até agora na Lava Jato de uma maneira indireta. Ao contrário de Cunha, acusado por um dos delatores de ter exigido dele presencialmente, de viva voz, 5 milhões de dólares da propina que era generosamente dividida pelo esquema corrupto que sangrava a Petrobras. Poupar o presidente da Câmara porque ele pode ser fundamental para o impeachment de Dilma não parece uma atitude à altura do rigor ético apresentado pelos que lideram o movimento pela faxina na política nacional. Ao contrário, só ajuda a confundir os objetivos da luta política que protagonizam.
* Guálter George, editor-executivo de Conjuntura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário