segunda-feira, 29 de maio de 2017

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEGUNDA-FEIRA 29 DE MAIO DE 2017

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge





DEMOCRATIZAR A DEMOCRACIA.

Nobres:
Há uma clara inquietação nas diferentes democracias pelo mundo. Refletir que cada indivíduo tem o direito de opinar sobre os seus destinos políticos, independentemente de sua religião, cor, gênero, posses, posição social e assim por diante é um grande alento considerando a gestão da política em termos históricos. Porém, ao longo do tempo, a democracia parlamentar, que é como em geral a democracia é exercida pelo mundo, foi deixando alargar a distância entre representantes e representados. Hoje, para o cidadão comum, decidir seu destino político resume-se basicamente a apertar duas teclas e o botão confirma. Como resultado, percebe-se na democracia hoje ocorre entre quatro paredes: os fundos, duas paredes laterais e uma quarta parede. Esta expressão teatral nomeia a parede invisível e imaginária que separa atores e platéia, o universo das personagens da vida real e, em última análise, a ficção e a realidade. É o não contestar a existência desta quarta parede que faz com que a platéia simplesmente assista à cena sem interferir; e mais: que os atores como se aquela ali não estivesse presente. O mesmo precisa ocorrer com a democracia. Não se trata de acabar com a democracia parlamentar, longe disso, apesar disso, é preciso que os cidadãos deixem de ser tratados como meros espectadores do processo democrático e que a interação vá para além do vaiar e aplaudir e contemplar. É preciso quebrar a quarta parede da democracia. Um caminho é democratizar a democracia abrindo-se mais espaços para que os cidadãos, enquanto indivíduos, possam diretamente decidir questões ligadas às suas vidas. No passado, a dificuldade para ter várias pessoas em um único local debatendo era enorme. Contudo, hoje há tecnologia disponível para que milhões reúnam-se, discutam e votem sobre temas dos seus interesses. Cada pessoa com um celular ou acesso a um computador, por exemplo, tem uma urna de votação em potencial nas mãos. É preciso caminhar para uma democracia de maior intensidade. Mais abertura à participação cidadã certamente resultaria em uma alocação e execução de recursos mais condizente com as necessidades e anseios da população. Ao contrário de outros regimes políticos, crises na democracia superam-se somente com mais democracia ao oposto do que muitos afirmam de modo radical.
Antônio Scarcela Jorge.

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