COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
ALÍVIO DA CLAUSURA
Nobres:
Às vezes perdemos a noção das datas, nós que, em tempos normais,
carregava o calendário do mês na cabeça. Agora, excluindo o dia, e, assim mesmo
parando para meditar, repetimos perdemos na tarefa de indicar a data. Ora não
de deficiência mental e temos a plena convicção que estamos perfeitamente lúcidos.
“Eu e outros”. Imediatamente comento o individualismo sempre raro nas minhas
considerações. O embaraço repousa na atualidade atípica que estamos a viver,
reclusos em nossas casas, tenho o receio de ir às ruas, obrigado agora a ver o
sol nascer e se esconder, completamente engaiolados, embora não sejamos
parentes de passarinho nem de papagaio. O pior é que não se vê onde o “vírus”
mora e se localiza e se vai aparecer em disco voador pilotado por alienígenas,
ou em foguetes que algum país vai lançar contra nossa aldeia. O que se anuncia se
pede e se implora é o isolamento, na transformação do lar em prisão, temporária
reclusão que não se sabe, com absoluta certeza, quando vai terminar, quando o
cidadão pode, enfim, retornar a sua vida de antes. Saudades mais saudades igual
a um caminhão de saudades. Vigio submisso, sem mais contar os dias, na mente o
desejo de um acidentado, sem cura, que, quando se acordava de manhã já desejava
que chegasse a hora de dormir. Estou quase assim e não arredamos os pés fora de
casa. Pode ser que, na esquina, o inimigo se encontre a me esperar, dardo
venenoso na mão e aí, não terá rezas a Santo Antonio que me salve. (Aliás, no
meu pronome do meu santo protetor que eu carrego o meu nome!) então ficamos em
casa, digitando o que vem na cabeça, tomando café, almoço, janto, ajudando nos
serviços domésticos, forro cama, coloco a mesa, passamos álcool nas mãos, e o
gel recomendado, não existe é que os “furtados” e desonestos desabasteceram o
mercado em termos estaduais, mas quando aparecem majoraram em 1000%. Dar ares a
esses “incautos” são imunes à honestidade do “corona vírus”. Enfrento o dia,
fotografando o nascente e o poente quando for à sala, ou melhor, a garagem não
me concentra, o imperativo da desordem é eloquente, carros estacionados na
minha porta quando os cegos da irracionalidade nem percebem que existem placas
horizontais e verticais e preciso ter a humilhação de pedir para poder sair
quando necessário. É um esterco imoral que vivenciamos. Apelar pra quem se sumiram
tudo! Sou deficiente, aí dou graças a Deus, em situação normal não teria que
expelir esse entrave. Mas por este lado o limite é não saber a data em que
termina a “prisão domiciliar”, onde contraditoriamente os presos e condenados
estão sendo enaltecidos e santificados pela irracional população em massa. O
Brasil sempre foi assim, construiu “ídolos de barro” que ao longo do cotidiano
vai de desintegrando. Não se assimila aos interesses de políticos
patrimonialistas, interesseiros e amantes da corrupção que tanto temem fingindo
ser bonzinho para o povo sabendo que este povo em sua maioria carente de
raciocínio são os primeiros estarem na defesa destes deteriorados.
Antônio
Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário