VICE FORA DA LISTA E CID
MONTA NOVA ESTRATÉGIA
06.04.2014
Um dos nomes da aliança para o Senado, na chapa do Governo, é apontado
como indutor de provável derrota.
O cenário político estadual, com
a decisão de Cid Gomes de permanecer no Governo até o fim do seu mandato, em 31
de dezembro deste ano, além de fazer voltar a expectativa de um rearrumar das
oposições, registra a exclusão do nome do vice-governador Domingos Filho da
relação de pretensos candidatos do PROS ao Governo do Estado no pleito de 2014,
não por sua iniciativa, mas pela cúpula do comando partidário, irresignada pelo
fato de ele insistir em permanecer no cargo.
Está sendo atribuído a Domingos o
desmoronar de um projeto estratégico da estrutura governista, para facilitar a
disputa sucessória de outubro vindouro, ao se recusar a renunciar à sua
expectativa de poder juntamente com o governador, como lhe foi sugerido pelo
próprio Cid Gomes, na última terça-feira, e por outros líderes do seu partido,
no célebre encontro da pretérita quarta-feira. Essa posição do vice, por sinal,
nós comentamos na publicação do dia 23 de março, neste mesmo espaço.
Sem dúvida, havia interesse do
governador em ter o irmão, Ciro, candidato ao Senado. É um dos poucos políticos
deste Estado com projeção nacional e perspectivas mais reais, sendo detentor de
uma cadeira no Senado, de postular, como já o fez, a cargo de presidente da
República. Mas existia, também, no cerne do objetivo da renúncia ao mandato, a
tentativa de inviabilizar uma forte chapa concorrente que lhe viesse exigir bem
mais esforços na campanha.
Diferente
Desincompatibilizados, tanto ele
Cid, quanto Ciro poderiam ficar bem a cavalheiros até o fim de junho, quando termina
o prazo de realização das convenções para homologação das candidaturas,
deixando pairar a dúvida se entrariam ou não na disputa da vaga de senador,
inibindo adversários, tanto pelo potencial eleitoral de que são possuidores,
como pela estrutura de poder sob o comando deles, sem esquecermos o fato de que
também afastariam fantasmas, hoje acostados à coligação, mas indesejáveis na
chapa majoritária.
Se o PROS tem quadros com
condições competitivas para postular o Governo, da aliança com os demais partidos
os nomes oferecidos para o Senado, como os de Inácio Arruda e José Guimarães,
sofrem restrições, por razões diferentes, tanto de políticos quanto do
marqueteiro Manoel Canabarro, já escolhido para orientar a próxima campanha
comandada por Cid. Para um seleto grupo reunido no Palácio da Abolição, na
última quarta-feira, ele foi peremptório ao afirmar que o candidato ao Senado
pode contaminar a chapa e levá-la à derrota.
A situação de elegibilidade de
Cid e Ciro se houvesse sido concretizada, mostraria diferente a realidade de
hoje. Domingos Filho está sendo responsabilizado por ter proporcionado esse
estado diferente. Retraído, o vice não fala em público sobre o assunto, mas,
segundo amigos seus, já está sentindo ter sido distanciado do grupo de elite do
Governo. Embora o governador tenha permanecido recluso, em casa, por
recomendação médica, desde a noite da quinta-feira passada, as conversas
comandadas por Ciro, na última sexta-feira, sobre as desincompatibilizações de
servidores do Estado, passaram à margem do vice.
Reflexão
Experiente, Domingos também sabe
que vai sofrer as consequências de sua decisão. E, por certo, está recolhido
para momentos de reflexão sobre o seu futuro político pessoal e o dos
familiares, o filho deputado federal, Domingos Neto e a mulher prefeita de
Tauá, Patrícia Aguiar. Não está descartada a possibilidade de o vice vir a
disputar uma cadeira de deputado estadual para evitar o ostracismo, a partir de
2015.
Se Domingos Neto já não mais
teria a expressiva votação que o elegeu no primeiro mandato, em 2010,
totalizando 246.591, as investidas que serão feitas nos municípios em que foi
votado, sobretudo em razão do que aconteceu, na última semana, contribuirão,
sem dúvida, para reduzi-la ainda mais.
A propósito, por interferência do
pai, o deputado acordou sair do Município de Camocim para que lá fosse votado,
como candidato a deputado federal, o ex-ministro Leônidas Cristino, que já era
considerado fora do quadro de postulantes ao Governo, mas deve estar de volta
em razão da exclusão do nome do vice.
Cargos
O senador Eunício Oliveira (PMDB)
conversou, demoradamente, na última segunda-feira, com o deputado estadual
Heitor Férrer (PDT), sobre sua candidatura ao Governo do Estado, as
potencialidades e perspectivas dela, ao fim da qual formalizou o convite ao
pedetista de com ele participar da disputa.
Heitor não esconde a satisfação
da deferência, mas deixou claro para o senador que o partido dele é aliado do
Governo e, portanto, não teria condições de fazer parte da chapa do senador.
Também, acrescentou Heitor, a disputa política entre ele e o senador, no
Município de Lavras da Mangabeira, moralmente o impedia de estar aliado com o
peemedebista no cenário estadual.
Sem vislumbrarem alteração do
cenário estabelecido após o encontro de Cid e Eunício, no dia 28 de março,
quando ficou bem definida a posição dos dois em relação à disputa pelo Governo
do Estado, os governistas estão esperando, agora, que os três secretários
peemedebistas: Bruno Vale Sarmento de Menezes, do Conselho de Políticas e Gestão
do Meio Ambiente; César Augusto Pinheiro, dos Recursos Hídricos e João Alves
Melo, da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado, bem como os indicados para
a Prefeitura de Fortaleza, entreguem os cargos que ocupam.
Edison Silva
Editor de política

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